És tão bruta! Que pena que não deixes que as pessoas te conheçam! Tens o coração ao pé da boca, explodes, dizes tudo como os doidos e lavas a alma. Gostava tanto de ser como tu em vez de não conseguir discutir. Enfim. Agora começa a cair a ficha de que não volto mais a trabalhar na Travessa da Queimada. Nem a ouvir os teus impropérios do outro lado do corredor. Ainda me apetece gritar: o que é? , para depois ouvir: estou a chamar Nelsinho, não Elsinha! (tempos houve em que deitava a cabeça na almofada e continuava a ouvir o Guerra).
Sempre me rio sozinha quando recordo o nosso episódio há mais de uma década. Quando ficavamos até altas horas da manhã no jornal porque o Guerra não nos mandava para casa (e se morre o Eusébio?, argumentava). Nessa madrugada saímos as duas furibundas. A meio da rua surgiu o galante velhote da Casa de Fados: as meninas precisam de companhia?, meteu-se. E tu, do alto da tua bravura, defendeste-nos com garra: «Levas com a lancheira nos cornos que te ...$%$&!»