Tempos houve em que me envergonhava de contar isto. Agora, estou por tudo (é verdade...os 40 anos tornaram-me assim- digo tudo o que me apetece). Esta é um clássico, como me recordou o meu amigo Rui Assunção ( e eu até nem me lembrava desta minha inconsequência).
Lá volto eu aos tempos loucos da Pandora (mentira, que até éramos tão bem comportadinhas). Importa referir que, em tempos muito idos, o meu pai todos os domingos ia à pesca. Sábado, antes de deitar-se, fazia o seu engodo para usar como isco. Tinha a paciência de cozer batatas, fazia um género de puré e misturava minhocas e outros bichos para atraiar os peixinhos.
Numa bela noite fui à Pandora - sabádos à noite era fatal como o destino.
Cheguei de madrugada, como era meu apanágio, mas vinha esganada de fome. Como não tinha jantado em casa - nesse tempo era também ritual mamarmos os bifinhos com natas do Alhinho-, entrei pela cozinha e reparei no belo do tacho. Lá me lembrei do engodo ... pensei que fosse o resto da janta e emborquei com o suposto puré. Domingo à hora de almoço, a pescaria não tinha corrido bem ao Bicho...não tivera engodo! Só depois me apercebi bem do que tinha comido... mas até o suposto puré me tinha sabido a noz moscada!
E as minhocas devem ter muita proteína...não?