Começo a aperceber-me que os meus pais sofreram um bocadinho comigo...E já mulher feita continuei a fazer das minhas. Quando fui para o jornal A BOLA, comecei por integrar a redação do BOLA 7, um espetáculo de suplemento que saía ao domingo com o jornal, espaço para outras modalidades pouco promovidas na imprensa, páginas com um grafismo superatraente. Fui destacada para fazer reportagem sobre pesca do tubarão. Lá fui eu para o Algarve, sendo das primeiras a entrar para o barco. Sim que de avião só ando se me partirem uma tábua de cerejeira na mona mas para barcos estou sempre pronta. Os colegas de outros órgãos de Comunicação Social todos enjoaram. Tomaram comprimidos e acabaram por adormecer. Eu fiquei bem amiga dos pescadores. Lá estava eu na proa a ver os peixes quase saltarem para dentro da embarcação. Tubarões nem vê-los mas atuns...são lindos ao sair da água, espelhados e de cores mil. Como não vi nenhum dentuça dos maus, o capitão do barco deu-me uma cabeça de tubarão embalsemada. Fui para Beja e pensei - que faço eu com isto? Tanto pensei que me esqueci da prenda.
Voltei para Lisboa. Em conversa ao telemóvel com a Gertrudes, queixava-se ela: «ai Noca, que estamos aqui com uma trabalheira...cheira tão mal, não sabemos de onde vem o cheiro do vosso quarto. Já dei volta a tudo, não encontro nada». E eu continuei sem me lembrar do tubarão. Até que me ligou outra vez em pânico: «mas que bichesgo é aquele, Noca?» - e ela então que é medricas com todos os seres que Deus Nosso Senhor pôs no mundo. ..Então, embalsemado, lá pensei que apodrecia? Bah....