Passaram-se meses na Suécia. Ao contrário de quando lá cheguei, os últimos tempos em Sundsvall foram sempre de sol. Nunca chegava a ser noite. Apenas lusco fusco. Para estudar, em tempo de exames, não era lá muito bom... Mas voltemos às rambóias! A alegria dos suecos quando chega o dia em que não há noite é tanta que costumam ir para a floresta gritar. Pensei: aqui é tudo janado! Mas não é que aquilo sabe bem? Superlibertador. Comecei a ouvi-los a puxar pelos pulmões, aquilo fazia eco, e olhem...era cá uma desgarrada! Soltei também a minha tensão acumulada e enrouqueci como se não houvesse amanhã.
Prática dois: qual o pitéu do dia da libertação? O chamado ...- já não me lembro o nome daquilo em sueco - sei que é peixe que fica enterrado na terra de um ano para o outro. Podre, portanto.
Fiquei a olhar para eles a comer aquilo, deitava cá um cheirinho...acho que até provei, já não me lembro. Conversa para cá, conversa para lá e lá disse que sentia saudades de um belo prato de caracoís.
«Caracóis, caracoís? Daqueles da rua???», perguntavam-me atónitos. «Sim, esses, gordos, caracoletas também...» Ficaram tão enojados que nunca mais conseguiram olhar-me da mesma maneira. Ora, porra, eles comem peixe podre....