Sou mesmo despassarada. E as melhoras não são nenhumas e as pioras são acentuadas! Então que a minha Caetana está quase a fazer 8 aninhos. Fui comprar-lhe roupinha para estrear no belo dia - que ela detesta (vai ser bonito, vai). Entretanto, como sempre, andava nas minhas voltinhas pelo Spaccio, shopping dos Olivais onde me encontram com regularidade (se quiserem pagar cafezinho é só dizer) e entrei em várias outras lojas, porque uma pessoa tem sempre qualquer coisa em falta, verdade? Lembrei-me então que o homem não tinha meias. Mas como a meia idade também traz esquisitices a rodos, não ficou o homem contente com a minha lembrança porque não eram meias normais - só queria pezinhos. Voltei à loja para trocar. Aquela loja onde vai toda a minha boa gente. Filas..... malta que demora três horas para inserir o código, depois lembram-se que ainda querem levar mais qualquer coisa e deixam o resto do pessoal ali a criar raízes....e eu a olhar para o relógio que ainda me atrasava para a minha aula de bodyattack no Fitness Hut. Lá me aguentei fazendo a minha cara de enxonfrada (sim, parece mentira mas também sei ser bem enjoada quando preciso). Até que chegou a minha vez. «Queria trocar estas meias por pezinhos, faz favor». «Pois, mas é que estas meias não são daqui, são da Sportzone!» Ups! Ora se me fosse encher de moscas....
O Filipe faria hoje 41 anos. Era quatro dias mais velho que eu. A vida, por vezes, é mesmo madrasta. O Filipe foi meu amigo de infância. Os meus pais e os dele, nossos irmãos e outros casais amigos costumavamos, todos os agostos, ir passar a primeira quinzena, claro, a Monte Gordo, para onde Beja sempre 'baixa' no pino do verão (assim que chegavamos à Boavista, que fica a 2 km de Beja, já saíamos dos carros a dizer: cheira a 'mariiii'). Recordo-me - bem, recordar não é o termo que sabem que tenho de pensar duas vezes para dizer o meu nome completo -, mas lembram-me as fotografias que éramos inseparáveis. Foi com ele que tirei aquelas célebres fotos das crianças na praia, a brincar, todos nús; era ele que me enterrava na areia ( já mais velhinhos) deixando-me apenas a cabecinha de fora. Devia ter sido mais sua amiga. Crescemos e desligamo-nos. Nos seus últimos dias tive de ir vê-lo. Andava a consumir-me e lá fui, a medo, a pensar que já nem se lembraria de mim. O sorriso que deu ao ver-me foi das melhores prendas que recebi na vida. Agora começa a fazer-me comichão fazer anos. Lembra-me, já, que ando a aproveitar pouco. Mas penso no Filipe e não há como não gostar de soprar velas (não me venham é cá com bolos que nisso já não me enganam).
Por isso, meus amigos, dêem barracas, abram o coração, durmam descansados e levantem-se com sorriso rasgado todas as manhãs.
Parabéns Filipe!
As crianças são, de facto, o melhor do mundo! Tive a sorte da minha Caetana ser um furacão, um poço de energia, faladora, dançarina, entertainer, palhaça...uma desbocada (a quem sairá?)
Quem já não teve de levar os filhos aos seus compromissos por não ter onde os deixar ou, pura e simplesmente, porque fazem birras irresistíveis para ficarem connosco? Foi o que me sucedeu numa tarde em que tinha marcado depilação. Lá se aguentou a bela Caetana a dar-me beijinhos enquanto levava os puxões para arrancar os pêlos das pernas, das axilas e não só....se é que me faço entender!!!!
Terminada a tarde de leveza, fomos às compras, ao Pingo Doce, já bem perto da nossa urbanização, onde vai toda a vizinhança dos Moinhos da Funcheira. Foi logo com o primeiro conhecido que encontramos. Um vizinho com que até nem temos grande lidação: «a minha mãe esteve a tirar pêlos do pipi!»
Ó Caetana....Por Dios!
Prossiguemos com as histórias da minha Caetana que fala pelos cotovelos o que deve, o que não deve e o que inventa.
Agora é já uma crescida da segunda classe mas, na pré-primária, as respostas da minha mini me deixavam-me sempre corada. Chegou o Dia dos Namorados. Pediram-lhes para fazer desenhos para posterior exposição no corredor e que falassem dos pais ou de um casal de que gostassem. Caetana quis falar dos pais.
Pois que quando cheguei à bela exposição, vejo uns lindos rabiscos em forma de coração com a distinta frase: «Os meus pais são namorados. Às vezes dão beijinhos. Sobretudo à noite. É quando os oiço!»
Ó Caetana, até parece. «É verdade!», insistia ela, deixando-me cada vez mais encavacada. Na ideia dela o pai dá beijinhos à mãe à noite que é quando, de facto, ela o vê por casa. Mas ouvir-nos??? Onde foste tirar isso Piqui (como lhe chamo desde bebé)?
«Sei lá, inventei!». Quem diz a verdade não merece castigo. Porra!
Já vos falei da desbocada da minha filha Caetana, certo? Pois que quando o meu el niño foi para o jardim de infância foi uma animação. Como ainda não sabiam escrever, a educadora fazia-lhes perguntas e depois colava as respostas deles na parede. Um dia a senhora, que foi sempre um anjo, veio perguntar-me se estava tudo bem em casa. Respondi que sim. Perguntei porquê. «Veja lá, há fases menos boas e os miúdos absorvem tudo..». Sim, e? Caetana chega aqui. Então o que foi, porque estás preocupada? «É que a mãe doi-lhe o pipi. Depois o pai grita, a mãe diz que não e depois a mãe chora...» Pois, dava azo a especulação. É que sempre fui muito direita a infeções urinárias e num dia em que estava aflita, e de facto já chorava, o Zé Luís, pedia-me, sonoramente, para ir ao hospital.
Está provado que tudo em fora de contexto é perigoso ruído!