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Bichanando

Onde uma sempre jovem quarentona limpa o cotão que tem no cérebro!

Bichanando

Onde uma sempre jovem quarentona limpa o cotão que tem no cérebro!

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Começo a aperceber-me que os meus pais sofreram um bocadinho comigo...E já mulher feita continuei a fazer das minhas. Quando fui para o jornal A BOLA, comecei por integrar a redação do BOLA 7, um espetáculo de suplemento que saía ao domingo com o jornal, espaço para outras modalidades pouco promovidas na imprensa, páginas com um grafismo superatraente. Fui destacada para fazer reportagem sobre pesca do tubarão. Lá fui eu para o Algarve, sendo das primeiras a entrar para o barco. Sim que de avião só ando se me partirem uma tábua de cerejeira na mona mas para barcos estou sempre pronta. Os colegas de outros órgãos de Comunicação Social todos enjoaram. Tomaram comprimidos e acabaram por adormecer. Eu fiquei bem amiga dos pescadores. Lá estava eu na proa a ver os peixes quase saltarem para dentro da embarcação. Tubarões nem vê-los mas atuns...são lindos ao sair da água, espelhados e de cores mil. Como não vi nenhum dentuça dos maus, o capitão do barco deu-me uma cabeça de tubarão embalsemada. Fui para Beja e pensei - que faço eu com isto? Tanto pensei que me esqueci da prenda.
Voltei para Lisboa. Em conversa ao telemóvel com a Gertrudes, queixava-se ela: «ai Noca, que estamos aqui com uma trabalheira...cheira tão mal, não sabemos de onde vem o cheiro do vosso quarto. Já dei volta a tudo, não encontro nada». E eu continuei sem me lembrar do tubarão. Até que me ligou outra vez em pânico: «mas que bichesgo é aquele, Noca?» - e ela então que é medricas com todos os seres que Deus Nosso Senhor pôs no mundo. ..Então, embalsemado, lá pensei que apodrecia? Bah....

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Tempos houve em que me envergonhava de contar isto. Agora, estou por tudo (é verdade...os 40 anos tornaram-me assim- digo tudo o que me apetece). Esta é um clássico, como me recordou o meu amigo Rui Assunção ( e eu até nem me lembrava desta minha inconsequência).
Lá volto eu aos tempos loucos da Pandora (mentira, que até éramos tão bem comportadinhas). Importa referir que, em tempos muito idos, o meu pai todos os domingos ia à pesca. Sábado, antes de deitar-se, fazia o seu engodo para usar como isco. Tinha a paciência de cozer batatas, fazia um género de puré e misturava minhocas e outros bichos para atraiar os peixinhos.
Numa bela noite fui à Pandora - sabádos à noite era fatal como o destino. 
Cheguei de madrugada, como era meu apanágio, mas vinha esganada de fome. Como não tinha jantado em casa - nesse tempo era também ritual mamarmos os bifinhos com natas do Alhinho-, entrei pela cozinha e reparei no belo do tacho. Lá me lembrei do engodo ... pensei que fosse o resto da janta e emborquei com o suposto puré. Domingo à hora de almoço, a pescaria não tinha corrido bem ao Bicho...não tivera engodo! Só depois me apercebi bem do que tinha comido... mas até o suposto puré me tinha sabido a noz moscada!
E as minhocas devem ter muita proteína...não?

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Ainda me lembro quando abriu a Biblioteca José Saramago, em Beja. Era linda (ainda é), com umas escadas de madeira no interior que nos conduziam ao bar e a uma ampla sala onde podíamos ler revistas, ouvir CD's....A Biblioteca passou a ser ponto de encontro, local para dar à língua, mais que para o estudo! Tarde houve em que lá fiquei a fazer tempo - já nem sei para quê mas recordo-me que, graças a Deus, estava sozinha. Sempre tive o péssimo hábito de falar sozinha (dizem que é faculdade de pessoas inteligentes!). Abro a boca e invento diálogos que gostava que acontecessem, ensaio conversas...sei lá., monga. Pergunto e dou as respostas, sozinha! A minha mãe sempre disse que fazia mutetos (a Gertrudes inventa palavras).
Ora, quando me vinha embora, a fazer os meus 'mutetos', entretida com os meus pensamentos que deviam ser jeitosos, encalhei em mim própria na primeira escadinha da longa escadaria exterior bem visível na foto. Meus amigos, pela saúde da minha Caetana que vim rebolando até à estrada! Mesmo tipo filme - escada por escada, a bater com o befe em todos os degraus. Sei que só parei na estrada - sim o embalo foi tal que depois das escadas ainda me arrastei pelo passeio. Tenho a imagem fixa de estar deitada de costas na estrada, levantar a cabeça e ver o edifício ao contrário! Logicamente que, o que mais me importou, foi perceber se alguém me tinha visto naquela triste figura. Só depois me preocupei se vinha algum carro... Se fosse hoje não me livrava de ir parar ao You Tube. Por Dios!!!!

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Sou uma triste! Uma pacóvia mesmo. Conheço muito pouco deste nosso sedutor Portugal.
Para fora não viajo porque sou altamante claustrofóbica e só de pensar em meter-me num avião dá-me logo um fanico. Viajar para fora cá dentro...pois que até gostava. Eu mal conheço o Porto - só conheço o Estádio do Dragão (que visitei em trabalho pela A BOLA) e o shopping lá ao lado.
Mas já tentei, tentei sim, conhecer a baixa, a Foz...
Já vos contei que sou fraca de rins, ? Acreditam que cada vez que chego ao Porto tenho uma pielonefrite (crises de rins)? Só eu para ter, recorrentemente, um achaque com nome de bebedeira...
Da primeira vez, comecei com umas dores tais que acabei por passar a madrugada no Hospital de Santo António. Da segunda vez,  foi igualzinho...
O bom do Zé Luís tinha arranjado um hotel todo fino, planeado grande passeio....mói-te!
Assim que passei a ponte- ai ai ai, ai ai ai...Ainda fui para o hotel mas tive um febrão que só delirava. Santo António com ela outra vez - outra madrugada sozinha, que nem deixaram o homem ficar comigo pelos  corredores, sem sequer poder beber água enquanto não saíssem os resultados dos exames. Diagnóstico: pielonefrite! Lá saí, já de manhãzinha, e ainda tive de levar uma injeção que só encontrei numa farmácia ao lado do Estádio do Boavista. Só me lembro de chorar (com dores) a olhar para a Pantera. 

Aceitam-se convites para superar o enguiço com a Invicta!

Mas só a quem subscrever o blog.....Ah! Ah!Ah!

 

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 Já vos disse que não como gelados há anos, muito menos batatas fritas, certo? Isto para vincar que todos os meus interiores estão em ótimo estado de conservação, caso me aconteça algum percalço que já não me permita continuar a escrever aqui...Avante.
Os únicos órgãos mais imprestáveis são mesmo os rins. Mais um azar da adolescência.
'Atão' que sempre tive sono muito agitado. Em Beja, dormia no mesmo quarto da minha irmã Isabelinha, com as camas lado a lado separadas por uma mesinha de cabeceira. Uma bela noite, a estroina chegou da Pandora (já vos falei da discoteca da minha terra de mil e um encantos) bem mais tarde que a hora marcada pelo Bicho. Vinha a Isabelinha a entrar em casa, pé ante pé, a fechar a porta à chave sem fazer barulho quando......BOOOOOMMMMM. Os meus pais acordaram e entraram de rompante no quarto. Estava eu caída debaixo da cama...da minha irmã. Chorava, chorava e não me conseguia levantar. Lá fui eu de charola para o hospital outra vez. Exames e mais exames, resultado, com a queda fiz um traumatismo renal - ainda me lembro do carinhoso do médico: «sabes quando vais ao restaurante, pedes um bife mal passado e quando lhe pões o garfo em cima escorre sangue por baixo? É assim que está o teu rim (nada como boas imagens visuais)»-
Ou seja, com a minha gritaria e infortúnio, só no dia a seguir é que os meus pais se aperceberam que a minha irmã, aquela hora, estava vestida e acabadinha de entrar em casa!

P.S 1 - Já agora dizer-vos que o meu pai bem nos tramou - tínhamos um filho da mãe de um pai Natal de pelúcia que, ao detetar movimento, desatava a cantar : «Santa Claus is coming to town, Hi, Ha....» - Isto de madrugada, ao entrar em casa, depois da Pandora, mandava o prédio abaixo...

P. S 2 - Já subscreveram o meu blog???

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