Devo ter uma cara muito comum, o chamado rosto standard. Não imaginam a quantidade de vezes que me dizem que me conhecem de algum lado, que sou parecida com esta ou com aquela mulher, que me perguntam se tenho família aqui ou ali. Muitas vezes as comparações até são abonatórias para a minha pessoa, outras deixam-me a pensar se de facto estou a encarquilhar muito mal ou se, por acaso, até me estão a reconhecer de algum lado e sou eu que não me recordo das pessoas, das situações ou passagens da minha vida (o que também é perfeitamente passível de acontecer na minha pessoa).
A conversa é sempre a mesma. Lá fico a negar que seja quem aparento ser...
Bem, vez houve em que pequei e espetei uma linda mentira, daquelas piedosas, a um senhor de alguma idade que me confundiu com a presidente da Câmara Municipal da Amadora.
O bendito velhote estava preocupado com o arruamento em frente a sua casa. Atão ia preocupar o homenzinho? Diz que 'eu' lhe tinha prometido obras urgentes e «até agora nada». Ainda lhe disse que me estava a confundir mas o amigo não quis saber.
Então, alinhei na dele: «Oiça, não estou esquecida. Há tanto para fazer nesta terra. A sua rua está sinalizada para intervençáo prioritária. Tem de dar-nos algum tempinho que tudo leva o seu tempo», confirmei-lhe. E ele ficou todo contente. Atão, fiz mal? A autarca pode é perder um voto...