A mania das empresas de manutenção fazerem a dita cuja nos horários menos adequados...Quem já chegou às escadas rolantes e as encontrou paradas, tendo de seguir a penantes e sem rolar? A mim já me aconteceu variadíssimas vezes mas, acontece, meus amigos, que estamos na geração do pescoço partido. Ou seja, todos nós andamos a olhar para o telemóvel. E eu também já começo a abusar da cena. Saí do ginásio, no Spaccio dos Olivais, do meu Fitness Hut, das minhas aulinhas com o mê João Pinto (até já pumpo: conjugação alentejanada derivada da atividade de fazer body pump), e claro que me precipitei para as escadas sem reparar que não estavam a andar. O pior poderia ter acontecido, já que puxava o trolley, meu fiel companheiro que tem de aturar o fedor dos meus dois pares de ténis. Ainda me desiquilibrei mas o bendito trolley amparou-me. Só aleijei o dedão do pé, nas rodinhas do maldito trolley. Não dá para por um néon a avisar: escadas desrolantes?
Tal não é a moenga...
Porra dum cabrão, será que só eu é que sei pensar? Por que raio fizeram o orifício do papelão tão apertado e estreitinho? Ora se é um depósito destinado a cartão, é natural que aquilo que, supostamente, lá se deve meter tenha mais volume, certo? Recebi o fato de Carnaval da minha Caetana e não quis jogar a caixa para o lixo: normal, sou cidadã cheia de civismo e preocupação com o meio ambiente ( se não tinha de ouvir a minha irmã Isabelinha até ter rugas - ups, já tenho!). Cheguei ao ecoponto defronte de casa, deixei o casaco no carro e fui a correr ser ecologicamente correta. Lógico que apanhei uma molha descomunal a tentar rasgar a cola da caixa para conseguir enfia-la naquele rectângulo que não dá jeito nenhum. Só pensava: ainda bem que não foi caixa enviada pelo meu pai Bicho. É que os embrulhos dele davam para fazer um novo programa de entertenimento. Depois do 'quem quer casar com o agricultor', e do 'quem quer casar com o meu filho' e coisas que tais, só mesmo o quem consegue abrir os papelões do Bicho encontraria novos heróis nacionais. Mas, retenha-se- dá para fazer o papelão com bocarra mais ampla? A minha figurinha, à chuva, a dizer alhadas, à porrada com aquela bodega que não se rasgava de maneira nenhuma dava um belo video no You Tube...
Tal não é a moenga...
É verdade que o sino às 9 da manhã de um domingo e o cabrão do galo que não se cansa de se esgoelar seja a que horas for, mexem-me um bocadinho com os nervos. Mas na minha nova residência situação há que me agrada sobremaneira. Muitas e muitas vezes faz-me companhia o som de crianças a brincar na rua. Pensei que tal já não fosse possível nos dias de hoje. Mas elas lá estão, a andar de bicicleta, a jogarem basquetebol, à apanhada...Saudosa apanhada, jogo em que eu era uma nulidade já que o meu corpinho redondo não era muito dado à corrida em velocidade. A minha irmã chamava-me boneco Michelin... Mas passava dias a brincar ao Lá vai Alho, ao futebol humano, ao mata...E aquela tanga em que tínhamos de saltar por cima uns dos outros? E eu partia os pulsos quando aterrava desmandada na calçada...E quando chegava a altura das fogueiras? Queimavamos eucalipto e saltavamos por cima do fogo - chamuscava-me toda e aguentava-me à bomboca para não levar um tabefe ainda por cima! E a Gertrudes berrava da janela: «Noca, anda jantar!» Era a minha parte preferida...