Dia de sol. Dia sem birras com a Caetana logo de manhã a não resmungar da roupa, nem a importar-se com as meias que não eram curtas ou com os calções que não lhe vincavam as pernas. Sorriso nos lábios, otimismo de que algo vai ter de acontecer, mais cedo ou mais tarde. A certeza de que, o que for meu, para mim está reservado e outras pachovadas do género que nos ajudam a arribar. Miúda no carro, a caminho da escola à qual chegamos sempre, no mínimo, com 15 minutos de antecedência visto que a minha rebento tem de cuscar quem chega com quem, o que as pessoas trazem vestido, tendo, impreterivelmente, de ser sempre primeira a entrar (tal e qual a avozinha Gertrudes). Música 'cool' para ajudar ao ânimo e a inevitável paragem na passadeira para deixar passar um senhor - não muito velho, não muito novo - que até agradeceu, quando não fiz mais que a minha obrigação. 'Atão' não é que aquela alminha pespega-se a meio da passadeira para assoar-se, deixa cair o lenço e fica com a moncada presa no nariz? Belo cenário só para abrir a pestana! Parecia o slime da minha filha, aquela nhanha viscosa, até meio amarela, que logo ali me revirou os bofes. Com toda a calma, o bendito senhor apanhou o lenço tentando que o muco pendurado não caísse no chão, limpou, por fim o nariz, e só depois arrepiou caminho. Era preciso assistir aquela cena em slow motion? Como há-de uma miúda não andar com o rastilho curto? Tal não é a moenga...
Bem, já nem sei que mais invente! Acreditam que deu-me para descarregar uma aplicação de meditação? Eu, Elsa Marina, zen?....Aparece-me um amigo a falar inglês, a dizer para respirar, para sentir o contacto da sola dos pés com o chão, para deixar a mente ir e voltar... (o meu medo é que ela não regresse!) Bem, a verdade é que sou tão acelerada, tão acelerada que dou por mim a esquecer-me de respirar! Então, parece mesmo que me falta o ar, tendo de encher os pulmões e parar um bocadinho (frenicoques de gaja, eu sei). Uma destas tardes fui ouvir a meditação e escolhi - vejam bem - paisagem idílica. Espequei-me bem defronte a uma estrada cheia de movimento, sentada num banco de jardim cuja melhor vista era uma central elétrica. Mas estava um solinho tão bom... Deite-me, então, na pedra a ouvir a Headspace (nome da aplicação que também me manda mensagens animadoras como - não se culpe, descubra o prazer de apenas existir, tire tempo para estar consigo própria....mais?) Estava eu já em transe - a adormecer, vá - quando oiço: «deixa a senhora!» Nem tive tempo para levantar-me e abrir os olhos - levei uma lambidela de um cãozarrão castanho, parecido com aquele da Suchard Express (quem da minha geração se lembra desta marca?)! Foi um belo 'bejo' quentinho, molhado, viscoso... Bem vistas as coisas tive sorte - olha se lhe dá para morder-me? E assim fiz um amigo que depressa me lembrou que não preciso de meditar - preciso de um cão para ganhar mimos extra e ocupar o tempo em que estou comigo própria! Tal não é a moenga...
Ora cá está uma bela definição do meu ser: «Um Bicho de sete cabeças com muitos sorrisos para dar!» Confirma-se! As sete cabeças...tem dias. Quando não tomo os comprimidos (estou a brincar!) Ora, o facto do meu apelido ser Bicho, e o facto de até diariamente promover o sorriso - queria eu que fosse através da leitura deste meu blog - mas não - é mais através do instagram Bichanando onde publico fotos e frases sobre sorrisos para ver se a malta se anima contra as agruras da vida -, fez com que não ficasse indifente a este pacote de açúcar (produto que não consumo e desaconselho à viva força, hã?). Mas outro aspeto chamou-me à atenção - o pedido para contribuir para o Nariz Vermelho através do IRS. Ora cá está uma bela causa, ora cá está uma bela maneira de empregar o meu sobrenome que já fez o meu pai ir a tribunal - já vos contei que amigos da pesca engalfinharam-se porque um achava que o outro lhe estava a chamar Bicho quando o desgraçado estava apenas a chamar o meu pai.
Verdade que também gostava de emprestar o nome de Bicho ao Jorge Costa, ou quando recentemente Bicho foi a designação indicada para o nosso grande Cristiano Ronaldo. Mas grandes, grandes são as pessoas que se dedicam à Nariz Vermelho!
Então, com toda a verdade do meu coração, desejo que todos sejam Bichos na arte de ajudar e contribuir! Que sejam muito ferozes no altruísmo de dar.
Fui convincente? (estou neste momento a fazer aquela cara do gato das botas, piscando muito rapidamente os olhos e fazendo beicinho!)
Tal não é a moenga...
Já vos disse que, ao que parece, o meu excesso de lítio - substância existente nas pilhas- é um íman para velhotes, certo? Todos me acham graça... (ai destino, ai destino....la, la la la....) Bem - fui aqui à Amadora comprar eletrodomésticos a uma loja que vende artigos com defeito muito mais baratos (estropiei o secador de cabelo da minha filha com tanta porrada que caiu - isto é só um à parte). Meti-me na fila para pagar e, ao lado, um velhote ocupava a outra caixa com uma liquidificadora. A vendedora, atenciosa, dizia-lhe: «Tirei-lhe um euro para beber um café» Diz o meu vendedor: «Olhe, consigo vou ter de ser antipático porque numa compra tão pequena não vou poder tirar dinheiro para cafezinho!». «Ora, deixe lá. Também já bebi para aí uns cinco hoje!» Diz o velhote da liquidificadora: «Então, menina, peça mas é para um Whisky!» Ao que eu respondi: «Pois, disso ainda não bebi hoje!» Ai o que o velhote se riu.... A graça que achou ao meu trocadilho! Saímos ao mesmo tempo. Abriu-me a porta e quando lhe disse boa tarde, respondeu-me: «Mas se quiser beber o Whisky...» Tal não é a moenga....
Como é que diz a música? Há dias que nem de manhã ou de tarde se pode sair à noite, certo? Tenho tantos desses dias... Hoje, definitivamente, é um deles! Irra que estou desejosa de meter-me nos lençóis e, mesmo assim, devo perder as meias, com as quais já nem durmo. Mas estou a desfocar-me do assunto! Comecei o dia a andar pelo passeio Marítimo de Oeiras com o meu amigo Miguel Nunes (não consigo correr com vento que faz-me dor de cabeça). Fomos por ali fora, pela areia da praia, até Carcavelos. Decidimos ir ao café. «Miguel, perdi o telefone!» «Caraças, não paramos em lado nenhum. Como foi isso?» Pois, amigos, a mim acontecem-me coisas estranhas. Aflita - tenho lá a minha vida e aquela moenga foi caríssima - , voltamos por onde tínhamos vindo. Metros à frente, lá estava, no chão, intacto, o meu belo aparelho que batizei de Bonifácio. Ufa!
Fui ao ginásio, depois fui almoçar e eis senão quando, quando vou para pagar o parque de estacionamento... «Onde pus o cartão?»! Fosga-se! Voltei atrás e as meninas do Abacate (as tais que também me encontraram o espelho do carro quando me espatifei contra um pilar) tinham-no encontrado e guardado. Catano, tenho um grande anjinho da guarda!
Fui para casa. Arrumei tudo e voltei a sair porque há coisa que nunca perco são as horas de ir buscar a minha Caetana. 'Atão' não é que quando chego à rua tinha o carro no meio da estrada? Juro! Convém não esquecer de puxar o travão de mão, né? Mas porque raio sou assim, porra dum cabrão?