Tenho aproveitado este tempo, desde que saí do jornal A BOLA, para enriquecer-me. Infelizmente, não com o Euromilhões, mas munindo-me de ferramentas que me alimentem o espírito e o saber (uau!!!!). Fui fazer um curso de escrita criativa, formação na Escrever Escrever que nos sensibiliza para técnicas que nos ajudam a desbloquear quando temos uma branca (coisa que nunca me aconteceu!). Mas foi superinteressante ver como a escrita revela feitios, receios e ambições e ver como a arte de usar as palavras não é para todos (para mim é, certamente, como podem comprovar - ah, ah, ah).
Bem... Exercício houve em que, claro, aqui a alentejanita, tinha de ser espalha brasas. Espalhar é, literalmente, o verbo adequado. Para que usassemos o tato para fazer descrições, metemos a mão num saquinho, apalpamos o que lá estava dentro e tivemos de relatar sensações sem ver, efetivamente, do que se tratava. No meu caso, parecia-me estar a mexer naquelas pedrinhas pequeninas que forram aquários. Afinal eram grãos de centeio. Quando abri os olhos dei um puxão no saco com a surpresa e, lógico, que houve centeio espalhado por aquela sala, fazendo rir os meus novos colegas que, como também já não é novidade, olhavam para mim com ar de quem pensa :«esta está toda janadinha.»
Cheguei a casa, encostei-me no sofá e o estupor do soutien começou a aleijar-me.
Raios! Quando me despi, como é já possível de adivinhar, até centeio tinha na roupa interior. Fez-me logo lembrar a anedota que o meu pai conta sempre: aquela do alentejano que vai para a tropa sendo-lhe ordenado que andasse com grãos nas botas. Ao fim do dia, a rapaziada estava toda com os pés em chaga. Menos o bom do alentejano: «Quê, atão não cozeram os grãos? »
Ah, ah, ah
Tal não é a moenga....