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Bichanando

Onde uma sempre jovem quarentona limpa o cotão que tem no cérebro!

Bichanando

Onde uma sempre jovem quarentona limpa o cotão que tem no cérebro!

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Sério - só pode ser castigo! Nunca morei tanto no campo como desde que mudei de casa em plena Amadora. Além do raio do galo, da passarada toda que parece saber quando estou em casa para abrir as goelas, além do sino que toca quase dentro de casa às nove e pouco da manhã de domingo, o sol e o bom tempo trouxe-me novo inflamador do sistema nervoso: grilos.
Há duas noites que é o mesmo. O estupor do bicho parece que está à espera que me deite para por-se ali a ... o que fazem mesmo os grilos? - cricrilar, diz o Google -, para por-se ali a cricrilar no meu parapeito.
E engana-se quem pensa que o som do grilo embala: pelo contrário: enerva e acorda.
Almofadas nos ouvidos, contar carneiros, sonhar acordada, nada resolve a insónia grilar a não ser quando o inseto se farta dele próprio. Ontem, voltou a estar muito bom tempo e lá voltou o bicho a esmifrar-se naquele ruído, madrugada inteira, até acordar o galo. Porra! 
O que ainda me faltará aqui no Guizo, em A da Beja? Um filha da mãe de um pavão a abrir o rabo?
Tal não é a moenga..

 

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Meus amigos - atentem bem nesta pérola! Tentem perceber o cartaz que acima apresento!
O que já me fartei de rir sozinha! Eis o barranquenho, ladies and gentleman.
Desta bela prosa - que deduzo seja uma bela prosa porque o povo de Barrancos é supereducado e divertido-, só percebo o rêpichuchi, que penso signifique alguma coisa de muito bom! De resto - a 'pihca', a 'aniguá', 'a mim quê mê rebuhqen'....que é isto, pá?
Que delícia.
É que os barranquenhos, além de misturarem o português e o espanhol (estão quase encostados a nuestros hermanos) ainda têm o seu próprio dialeto e palavras que só eles entendem. Ou que, se calhar, inventam, como a minha Gertrudes!
Na Universidade morei com duas barranquenhas e não havia como não rir quando falavam uma com a outra. Por isso, Dalila, vai uma ajudinha e traduz lá o raio do cartaz que continuo à toa sem perceber patavina. Podia estar ali a dizer que ia ganhar o Euromilhões ou que ia para o lugar da Letizia de Espanha que não chegava lá, porra dum cabrão!
Tal não é a moenga...

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Mais uma Ovibeja que hoje termina, mais uma que eu perdi- ando a falhar como as notas de 500!
Há anos que não vou ao grande certame da minha terra, tanto orgulho que tenho de ser bejense.
Aliás, eu, se pertencesse ao atual executivo camarário, proibía-me de passar de Santa Margarida para a frente,  de desnaturada que sou, já que, nos grandes acontecimentos, vulgo happenings, a filha mais nova do Bicho nunca está! 
Mas sabem como é - o homem tem jogo no norte, a miúda treinos de acrobática e aqui a chaparra amocha.
Mas fiquei com pena. Ainda que, nos dias que correm, já pouca gente me conheça - e não, não é por ter engordado, oK?
Longe vão os tempos em que andava a ver quando o meu pai Bicho se fartava de ouvir os cantares (nunca!) para começar a beber shots com a minha trupe. Longe vão os tempos em que dizia que estava com a minha irmã e apenas combinavamos hora à porta de casa. Longe vão os tempos em que espetei com o carro nos discos de uma ceifeira debulhadora que lá estava estacionada!
Mais longe vão ainda os tempos em que comia sandes de presunto e aquelas sandes de quatro metros de comprido cobertas daqueles queijos maravilhosos que cheiram a pés. Parece que foi noutra vida que comia malacuecos e doces conventuais (ai a tarte de requeijão com amêndoas...)
Promessa de Bicho - a 37.ª não falho! 

Tal não é a moenga....

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Já por variadíssimas vezes vos contei que estou em nervos com a praga de piolhos da qual não me consigo livrar. Shampoos, repelentes, mezinhas caseiras, vinagre, álcool etilico - tudo junto - . já não sei que mais faça para a minha Caetana não fazer, assim, tanto jus ao apelido de Bicho.
Agora tenho comprado um óleo na farmácia - que se chama árvore de chá - que lhe ponho todos os dias na nunca e atrás das orelhas antes de ir para a escola. E, como depois sempre mos pega a mim, ponho eu também aquela atrocidade ao olfato ao sair de casa. Depois, para disfarçar o cheiro de raízes podres, borrifo-me toda com Chlóe, da Cacharel, a ver se as pessoas não se afastam de mim na rua.
Estava eu a beber o meu chazinho no shopping dos Olivais, quando chega uma senhora toda muito bem posta perto de mim. Uma daquelas septuagenárias, casaco com gola de pele, cabelo ao alto, lábios vermelhos, fios e pulseiras sem destino, a cheirar ou a laca ou a um daqueles perfumes que rapidamente associamos a idosos. 
Simpaticamente, meteu conversa . «Desculpe, qual o seu perfume? Cheira tão bem.»
«Chloé», atirei de imediato.
«Ai, desculpe, é que não parece! Eu conheço bem o Chlóe e não me parece nada», dizia, enquanto me 'snifava'. «É um ótimo cheiro a flores», acrescentava...
Ai, querem ver que a mulher gosta do óleo dos piolhos que faz lembrar raízes podres?
Não me desfiz e continuei na minha. «Pois, mas olhe que é Chlóe».
«Pois, os perfumes alteram de pele para pele...» 
Quer dizer que a minha transformava perfume caríssimo em odor de canos, não?
Tal não é a moenga...

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Sabem aquela idade da parvónia em que nos revoltamos contra os nossos pais e juramos que nunca havemos de ser como eles?  Perdoai-nos Senhor que não sabíamos o que fazíamos!
E os anos passam e assalta-nos a revelação de que, afinal, acabamos por ser iguaizinhos. Então eu e a Gertrudes....Dou por mim a dizer tudo à minha Caetana tal e qual a Gertrudes me gritava em moça pequena.
Até me larguei a rir sozinha, depois de ouvir-me reproduzir, ipsis verbis a minha Tuta: «Filhos da mãe de tanto boneco. Qualquer dia vai tudo para o lixo! Nem um cá fica para contar a história. Para que é tanta bonecagem desta se não brincas com nada?»
Tal e qual!
O que me leva para outro pensamento - será que daqui a um tempinho vou andar acelerada como ela, parecendo estar montada numa mota? Será que vou ter aqueles frenicoques com as horas- à uma é para almoçar, às duas é café, às cinco é banho, às sete é jantar e não pode haver ali qualquer desviozinho da escala?
Será que me vai dar para fazer máquinas e máquinas de roupa todos os domingos?
Será que vou ser ainda mais abrutalhadinha? 
FOGE Zé Luís que ainda vais a tempo...
Tal não é a moenga...

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