Ir a Beja é sempre aquecer o coração . Verdade que já quase ninguém me conhece, nem eu conheço muita gente, verdade se diga! Mas sempre rio com o trato tão particular. «Um café, por favor.» «Quer um cafezinho?», respondem, sempre. «Uma garrafa de água...» «É mais uma aguinha!»
«Arranja-me umas Trident» - «Quais são as pastilhinhas?»
A resposta surge sempre em forma de pergunta, terminando em diminutivo...
Respostas foi o que não ouvi do típico alentejanito que lia o jornal atrás da minha mesa. Boina, casaco xadrez, lá se meteu com a minha Caetana, calando-se depois.
«Mãe, o senhor está a dormir.»
«Não está nada,filha, está a ler o jornal.»
«Mas nunca mais passa de página?»
Até o ler leva o seu tempo naquela terra - ah, ah, ah!
A verdade- veja-se a fotografia - é que fiquei sem saber se, de facto, o bendito velhote adormecera, cambaleando para cima do jornal, ou se a leitura estava tão interessante que não conseguia despegar-se do periódico.
Saímos e ele lá ficou. A fazer ou não uma sestinha, louve-se que naquela terra toda a minha gente conserva o hábito de ler o jornalinho. Bem hajam!
Tal não é a moenguinha...