Fala Bicho! É o sonho da minha vida! Ouvir alguém dizer: fala Bicho. Para eu poder dizer as minhas asneiradas à vontade, poder ecoar os meus pensamentos mais aparvatados, contar as minhas anedotas das quais ninguém se ri... Que sonho ter quem me ouvisse mais de quinze minutinhos, vá.
Mas este é o nome de um teatro infantil, em cena na Malaposta (é favor ir ver e contar-me ok; que a minha Caetana não me quer acompanhar e eu não quero ir sozinha aplaudir encenações que já não são para a minha respeitosa idade). Parece que é «uma história muito simples, de bichos que falam e brincam tudo numa linguagem que explora e rima, os sons e, evidentemente, a imaginação. (...) ». Tão eu! Pois claro.
«Caetana, queres ir com a mãe ver o Fala Bicho?»
«Sim, fala».
«Sim, Fala Bicho»
«Estou a ouvir, mamã. Chata»
«Não, Caetana - o teatro chama-se Fala Bicho!» (É que eu, carinhosamente, costumo tratar o meu pai por Bicho e gosto bastante de quem, também, me trata assim. Daí que a minha fedelha não estranhasse o tratamento pelo apelido). Responde-me ela como se a tivesse ofendido: «Não vou nada! Não me bastas tu?»
Está a ficar um bocadinho altiva. Um bocadinho a dar para o saída da casca. Um bocadinho raspelha atrevida.
Ai se deixo de falar e começo a dar umas valentes galhetas ...argh!
Tal não é a moenga....