Ando cansada que nem uma preguiça. Arrasto-me. Não me desloco - vergo-me! Mas forço-me a ir ao ginásio, nem que seja já ao fim do dia. E, assim que a música começa a bombar, passa-me tudo. Chega-me a energia, a genica e aguento-me ali que nem um macho. Outro dia fui fazer aula de RPM ao Hut da Amadora com o Alexandre Junior. Um instrutor assim novo, da minha geração, que dá umas aulas poderosas. É um espetáculo, dentro do espetáculo. Grita, assobia, é uma animação só. Para mais aquela aula foi ao som do bom e velho rock - tipo o clássico CD do Plateau ( discoteca de Lisboa) às quartas-feiras à noite. Mas o que mais me confortou foram as imagens que ele pôs nas telas da sala. Eram, assim, tipo mandalas animadas - mandalas aqueles desenhos minuciosos cheios de curvas e curnocópias. A minha irmã até já me deu um livro de mandalas para colorir como forma de aliviar o stress e controlar a ansiedade (não funcionou)! Mas ali, a correr em cima da bike, ao som de Nirvana e a olhar para aquelas cores que se engoliam a elas próprias, senti-me completamente anestesiada. Houve alturas que entrei em transe. Sem ouvir nada, sem comandar as pernas ou os pensamentos. Eu precisava era mandalas! Aquela horinha passou que foi um espetáculo. Depois - depois, olhem era manda-las- às mandalas - para o .......catano! E a dor de cabeça de ali estar a fitar aquilo? Tal não é a moenga....
Meus amigos- isto de andar no futebol faz canelites! Parece óbvio, né? Mas não é. Como é que, sem jogar, sem correr atrás da bola, sem sequer aquecer, arranjei canelites? Ando no ginásio para baixo e para cima, fico moída ao ponto de só conseguir mexer as pálpebras mas pouco depois estou fina. Agora padeço destas dores no pegamento do pé com a perna que nem me consigo levantar bem! É que dias de jogo são a loucura total. As 'piscinas' que eu fiz para trás e para a frente. Cristo! Acreditem que isto dói - é como se tivessemos pernas de pau e as sentissemos a quebrar às lascas! Pior - o que ajuda a aliviar isto? Pomadas não ajudam, forçar esforço fisico - impensável. Pareço uma tansa sem me conseguir equilibrar no meu equílibrio natural. E desculpem lá nova foto dos presuntos! Tal não é a moenga...
Tanto que eu gosto de cicatrizes, tanta mocada que dou em tanto lado e não consigo ficar com marca alguma... Só pode ser castigo pelo meu alvoreamento. Agora estou na fase de martirizar a orelha esquerda. Outro dia, estava no parque de estacionamento do Fórum de Linda a Velha - o tal cujos postes conhecem bem as quinas do meu carro-, ia pagar o ticket, seguia olhando para o telemóvel de fuça no chão (como sempre), lá reparei no filho da mãe do espelho colocado ao nível do meu 1.69m... Que fuerada! Minha bela orelha. Agora- há coisa de minutos minha gente-, calculei mal a distância para entrar no bólide, espetei com a mesma orelha, a esquerda, na quina do vidro da porta. Tenho a certeza que vai ser toda a semana nisto. Tal não é a moenga...
O que vale é que eu, onde quer que chego, arranjo logo companhia. Nas minhas novas funções e respetivo poiso tenho agora nova 'sombra'- já vos contei de um filha da mãe de um gato preto que me persegue de tal forma que até se enleia nas minhas pernas, não já? Mas não é dele que quero falar-vos agora. Pois que anda lá um rapazito que vive lá dentro do recinto com os avós. Ali passa os dias inteiros, para baixo e para cima - ora a pé, ora de bicicleta. Trato-o com amizade e deferência. Perguntei-lhe o nome para trata-lo pela sua graça. Miúdo de instituição. Mas o moçoilo descobriu-me no Facebook. Manda mensagens a desejar bom almoço, bom jantar, acena, envia emojis - vê-se que é solitário e que mima quem lhe mostra os dentes. E eu e a minha mania e orgulho nos meus implantes.... Agora não posso dizer ao moço que não quero tanta atenção, certo? Parece que estou a ouvir a minha mãe - «Ó Noca, coitadinho»! Estou sentada a trabalhar e só lhe vejo a sombra, a passar de um lado para o outro. E espreita. E sorri. Não há como não ficar enternecida. Só não gosto quando me trata, vezes sem conta, por senhora! Bem, pelo sim, pelo não, e como as pessoas puras falam verdade, fui comprar ácido hialurónico para preencher as rugas. Tal não é a moenga...
Eu, também, ponho-me a jeito! A verdade é essa! Ora, sai mais uma barracada à pala do ginásio. Acreditam que há três dias que estava para comprar shampoo e esqueci-me sempre? Ontem não pude evitar - ao reparar que tinha voltado a não por o belo lavadoiro de cabelo no trolley, fiz-me de parva e tive de meter conversa com a senhora da cabina de duche ao lado. Situação estranha, confesso: eu nua, a senhora, nua. Simpática, pos-me shampoo na mão mas depois deixou cair a toalha, agachamo-nos as duas para a apanhar em simultâneo - parecia aquele anúncio da Impulse mas versão porno inocente. Lá fui tomar o meu banho quando a senhora, simpática- reforço-, abriu-me a porta do duche para perguntar se também precisava de gel de banho. Que confragedor. Sério. Querem saber que mais? Atendi uns telefonemas, despachei-me com calma e quando saí do ginásio, estava a boa da senhora- que foi tão minha amiga- à porta. Acreditam que não a reconheci...vestida? Estou preocupada.... E o que fiz? Saí dali direta para o Pingo Doce, passo a publicidade, buscar uns frasquinhos de stock.