Epá, aqueles dois têm com cada uma! Claro que falo dos meus pais: o Bicho e a Gertrudes!
Ainda não parei de rir...
Bem, não pensem que estou a gozar com a desgraça alheia, já que a história (verdadeira) que aqui vos conto envolve um falecimento.
Sabem que a vida do meu Bicho iluminou-se depois do meu cunhado o ter introduzido no maravilhoso mundo do Facebook. O que muito arrelia a minha mãe que ralha dias inteiros por ele não largar o telemóvel.
Outro motivo de crispação entre os dois é quando o meu Bicho desata a contar histórias da tropa (pela enésima vez, também é verdade...), assunto que, porém, sempre o emociona ao ponto de não esconder lágrimas. Cheguei a ir com ele a jantares da 24.ª companhia. Foi num desses encontros que conheci Ovídio, o comandante do meu pai na altura.
Anteontem recebi videochamada de Beja - outra espinhosa missão. O Bicho e a Gertrudes? Por Dios! Falam os dois ao mesmo tempo, não percebem que têm de esperar até eu responder porque a chamada leva o seu tempo, começam logo a gritar a dizer que não me percebem antes mesmo de eu abrir a boca - um filme!
Pois que as falhas de comunicação têm muito que se lhes diga. Dizia-me o meu pai: «Noca (sabem que é a alcunha pela qual sou tratada pela família): sabes quem morreu? O meu comandante!»
E eu perguntei-lhe: «O Ovídio?»
E ele insistia: «O meu comandante. Tu conheceste...»
E eu continuava: «Sim, mas foi o Ovídio? O Ovídio? Morreu o Ovídío?»
Salta de lá a Gertrudes, já irritada, estridentemente: «Sim, deve ter sido o Covid! Sabemos lá nós... E provável que fosse de Covid!»
Epá, aquilo só visto! Realmente - com o nome Ovídío... Covid, mais aqueles dois, duros de ouvido, aos berros ao mesmo tempo. Um despautério!
Tal não é a moenga!
Cuidem-se!