Ontem não dizia mais nada ao ver as muitas e lindas mensagens que me enviaram por ocasião do meu 41.º aniversário. Atropelaram-me com carinho, esmigalharam-me com mimos e cilindraram-me com atenções. Tenho tanto mel que estou mais pegajosa que os balcões dos piores tascos!
Ainda tentei responder às primeiras felicitações mas depois doía-me até a cabeça do dedo de tanto apalpar o telemóvel.
Começou bem o dia. Fui levar a minha Caetana à escola, ternura de filha que começou a elogiar-me logo de manhã: «Ó mãe, estás tão bem, não és nada velha!» Chegadas à escola contou a toda a gente que era o meu aniversário. «A minha mãe tem 34 anos.» «A minha 32. » «A minha 28», diziam-lhe as coleguinhas. Sussurra-me ela: «afinal sempre já és velha!»
Agradecida.
Depois tinha combinado com uma nutricionista amiga de ver as pregas - aqueles valores para ver a massa gorda e outras coisas que tais que ainda nos deixam mais encucadas. É que nem me cheguei a por em cima da balança. Aquela tranquitana avariou sem me dar hipótese. Se calhar foi melhor assim. Ainda a balança para aí entrava no vermelho: danger, danger...é favor retirar o mamute!
Depois fui para a aula de Body Combat ser presenteada pelo meu bom e velho amigo João Pinto, com os seus piropos cada vez mais apurados: coisas como «são só peles a abanar», «há anos que andas aqui e estás nesse estado»; elogios do genéro que só me deixam inchada (sim que não sou gorda, sou inchadinha dos iogurtes!). O Pinto adora-me!
O dia terminou com uma valente dor de cabeça. Tive de agarrar-me ao Brufen, passo a publicidade, já vesga de passar horas mergulhada no telemóvel a ler as vossas mensagens.
Li todas. Vou precisar de mais 41 anos para responder.
Agora quero ver se para o ano conseguem fazer melhor. Se ainda cá estiver para vos azucrinar (porra!). Se não volto do além!
Deus vos arrebente com saúde
Beijo do tamanho dos vossos sonhos
OBRIGADA!
Faço hoje 41 anos! Buááááááá!!!!!
«Ah e tal, és tão jovial, não tens cabelos brancos (pudera já tive de os pintar), é muito bom fazer anos - há já quem não tenha a mesma sorte...» Tudo verdade (sou tão modesta)!
Mas só me apetece dizer obscenidades das grossas!
Antes de mais, dar os parabéns ao Chico Bicho e à Gertrudes por esta bela peça que era para ser o Luís Norberto e saiu Elsa Marina (nome repescado ao bebé do mês na antiga Maria) e dizer-vos que estou muito feliz de ter nascido mas, convenhamos, deve ter sido noite de trovoada das fortes, não? Não podiam ter estado mais bem dispostinhos para sair mais apuradinha????
Olhem....Fui!
Buááááááááááá....
O Filipe faria hoje 41 anos. Era quatro dias mais velho que eu. A vida, por vezes, é mesmo madrasta. O Filipe foi meu amigo de infância. Os meus pais e os dele, nossos irmãos e outros casais amigos costumavamos, todos os agostos, ir passar a primeira quinzena, claro, a Monte Gordo, para onde Beja sempre 'baixa' no pino do verão (assim que chegavamos à Boavista, que fica a 2 km de Beja, já saíamos dos carros a dizer: cheira a 'mariiii'). Recordo-me - bem, recordar não é o termo que sabem que tenho de pensar duas vezes para dizer o meu nome completo -, mas lembram-me as fotografias que éramos inseparáveis. Foi com ele que tirei aquelas célebres fotos das crianças na praia, a brincar, todos nús; era ele que me enterrava na areia ( já mais velhinhos) deixando-me apenas a cabecinha de fora. Devia ter sido mais sua amiga. Crescemos e desligamo-nos. Nos seus últimos dias tive de ir vê-lo. Andava a consumir-me e lá fui, a medo, a pensar que já nem se lembraria de mim. O sorriso que deu ao ver-me foi das melhores prendas que recebi na vida. Agora começa a fazer-me comichão fazer anos. Lembra-me, já, que ando a aproveitar pouco. Mas penso no Filipe e não há como não gostar de soprar velas (não me venham é cá com bolos que nisso já não me enganam).
Por isso, meus amigos, dêem barracas, abram o coração, durmam descansados e levantem-se com sorriso rasgado todas as manhãs.