Ai mê pai - que barrigada de rir no Natal. O Francisco Bicho, já de si e da sua natureza, é um prato! Qualquer história lhe lembra uma anedota, qualquer tema o recorda de uma piada, todos os assuntos o conduzem a uma música. Mas agora, com a idade, está cada vez mais engraçado (leia-se pior). O que nos rimos com a Gertrudes a contar o episódio. Pois que o Bicho tem uma loja de loiças e utilidades em Beja e, há anos, teve a bela ideia de colocar no estabelecimento uma daquelas campainhas de sensores para saber quando alguém entra ou sai. Aquelas campainhas muito irritantes, que fazem grande chinfrineira. Pois que ultimamente o Bicho tem um grande novo amigo - o Facebook-, e decidiu fazer um filme da loja para melhor mostrar os artigos em exposição e venda. Estava ele a olhar o vídeo e a mostra-lo à minha mãe quando começou a descer as escadas do prédio. «Frasquinho, que vais fazer?» «Vou abrir a porta! Estão tocando!» «Estão tocando o quê, homem, não vês que é a campainha da loja que se ouve aí do vídeo?» Já choravamos só de imaginar o Bicho, com o telemóvel na mão, a ver o vídeo, a ouvir a campainha e, mesmo assim, a descer as escadas do prédio que «estavam a bater à porta lá em baixo...» Abençoado seja!
Nunca passei um Natal sem os meus pais e irmã- e que esta minha benção se mantenha por muitos, longos e bons anos. Hoje volto a poder desfrutar deste privilégio e não há um único Natal em que não me lembre da Barbie Cintilante. Já vos disse que brinquei com bonecas até aos 18 anos, certo? E sempre adorei Barbies. Era miúda e o meu maior desejo era ter uma Barbie Cintilante: boneca com vestido esvoaçante cheio de coraçõezinhos que brilhavam no escuro. Naquele ano estava em pulgas. Abrimos as prendas e nada. Percebi que os meus pais não ma podiam dar. Tentei fazer cara alegre com o que me calhara no sapatinho mas acho que não consegui disfarçar. Foi quando a minha mãe me mandou à cozinha. Lá fui, de beiço, e eis senão quando, no escuro, só vejo o cintilar da Barbie, já fora da caixa. Ainda hoje, quando fecho os olhos, sinto aquela felicidade tão genuína. Aquele amor de agradecimento pela enorme surpresa. Aquela euforia de quem só lhe apetece cantar, dançar, gritar.... Custei a adormecer nessa noite, encantada com as luzinhas do vestido da boneca que sentei num cadeirão verde, ao lado da cama. Era menina. Agora -hoje-, só de passar a quadra com eles, cintilo. Eles são a minha Barbie. E de lá para cá, ganhei uns bonecos bem mais brilhantes e barulhentos: o meu João Duarte, o meu Dé Filipe, a minha Caetana... O que mais vos desejo esta noite é que todos vibrem com o cintilar da mais inocente Barbie, com o brilho das mais significativas das festas, com o quentinho, felicidade e sorriso da criança de Natais passados. Acreditem que cintilante é o olhar dos nossos. Um Santo e feliz Natal para todos!