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Bichanando

Onde uma sempre jovem quarentona limpa o cotão que tem no cérebro!

Bichanando

Onde uma sempre jovem quarentona limpa o cotão que tem no cérebro!

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Ela chorava e eu ria! 
Publicava o meu amigo Adolfo outro dia no Facebook - «daqui a uns dias, com os putos a estudarem a casa, vai tudo para as janelas aplaudir os professores de hora a hora». Estou contigo moço! Isto é um filme.
Tirando as letras e as línguas, sou burra que nem um calhau às restantes disciplinas (até a função dos caules, folhas e nhanhas que tais tive de 'reavivar' com a minha irmã Isabelinha).
Matemática? Contas? Frações? Agora fazem tudo ao contrário! Vão buscar números de empréstimo que depois subtraem em vez de fazerem cálculos diretos (como?) Por Dios! Caetana, filha, é bom que sejas inteligente que aqui com a tua mãezinha não te safas.

Mas os trabalhos de português...vão correndo. 

Pedia um exercício para escrever palavras no feminino. A boa do meu tufão em forma de criança caminhava para mim, altiva, cheia de personalidade, cheia de certezas para mostrar-me os TPC que, para ela, eram 'peaners'. 
Ficou, porém, toda ofendida quando me larguei a rir quando vi que, para a minha mulherzinha cheia de estilo, o feminino de patrão era...patrã!

Ao ver-me rir, a bela da minha criança largou-se num pranto.
Mais eu ria, mais ela chorava. As lentes dos óculos embaciavam-se e foi difícil resolvermos o dilema e fazermos as pazes. Um abracinho e umas mordidelas no pescoço, polvilhadas com 'bejos' babosos, resolviam mas os tempos não estão para isso - já agora: conseguem não estrafegar os vossos em casa? Eu tento mas quando dou por mim estou a comer cabelos dela (beijos brutos na cabeça!)

Por fim, a minha 'patrã' cá de casa lá se calou! 

Resumindo e baralhando - pensava eu tirar o CAP para dar formação!!! Melhor desistir, não? Pedagogia também já se percebeu não ser o meu forte. Mais um requisito a incluir na extensa lista dos «esquece lá isso, Elsa Marina»!

Tal não é a moenga!

Cuidem-se!

 

 

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Juntemos mais uma tirada da minha Caetana a esta minha coleção de tesourinhos.
A miúda tem mesmo graça - tal e qual sua mãezinha (ah, ah, ah).
Se há coisa que a chateia é quando começo a praguejar no trânsito - sim, até a mim me salta a tampa e mando as minhas asneiradas quando à minha frente segue malta que parece conduzir só para estorvar os outros.
Bem - muito mais se chateia a minha filhota quando, após ver-me ultrapassar condutores tartaruga, constata que ao volante seguem velhotes. «Ó mãe, coitadinhos, e tu a chateares-te com eles! Já têm idade. Tens de desculpa-los e ter mais paciência». Toda a razão minha filhoca. E engulo em seco porque a miúda tem muito mais coração e sapiência que eu.
Uma destas manhãs tivemos de ir a Algés e a cena repetiu-se. Com a agravante de ser o paizinho dela a levar o carro. Descompôs a bom descompor o carro da frente que parava «sem respeito nenhum por quem vinha atrás», passou, buzinou - fez e disse tudo a que também tinha direito. Vamos a ver era um octagenário.
Ui - pensei - vai saltar lá detrás...E assim foi. 
«Ó pai...não vês que é um velhote? Como podes irritar-te com assim! Sinceramente....» 
E quando estava à espera de uma bela lição de moral das dela , quando apostava que a minha Caetana ia dar uma desanda ao pai que tinha de ter mais respeito pelos idosos «porque um dia também vai ser velhinho e não vai gostar quando gritarem com ele no trânsito», sai-se com: «Já pensaste, pai, já pensaste, que qualquer dia levas com a bengala de algum?»
Tal não é a moenga...

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Já lá vai um tempinho desde que isto se passou. Mas caiu-me tão no goto que sabia ser tema de mais uma partilha com vocês. 
O ano letivo está prestes a terminar e, com a mudança que operei na minha vida, consegui ir levar e buscar todos os dias a minha Caetana à escola. Já lhe conheço os apaixonados e namoricos, vou passeando pelas grades e chovem putos a gritar: «Olá mãe da Caetana!». Fico tão feliz!
Uma tarde um miúdo de pele escura, olhos enormes e expressivos, pôs-se a rir para mim. Tão lindo. 
Até que me interpelou: «Você é a senhora do Bichanando, não é?»
Bem - aquilo parecia fogo de artíficio para os meus ouvidos : um puto, de 11 anos, lia este meu singelo blog? Que felicidade. Ser reconhecida. Para mais pela escrita...
Depressa me caiu a ficha : «Sigo-a no Instagram», acrescentou.
Ah - ele não lê o blog. Vê o Instagram 'Bichanando' onde diariamente publico fotos a sorrir - reação que pretendo causar com estas minhas treslouquices. Bem, também não é mau de todo.
«E é mãe da Caetana!»
Ah - o rapaz conhecia-me da porta da escola! Ponto!
Lá se foi a minha ilusão de ter seguidores aqui. Também, mesmo que não tenha, este é diário que pretendo continuar, porque acho que, daqui a uns anos, vou rir-me à brava de todas as asneiradas que já aqui contei. Até porque à velocidade com que fico desmemoriada não irei lembrar-me de nada de qualquer maneira.

Mas sabem que mais? Aquele menino, de 11 anos, desde pequeno que toma conta dos dois irmãos mais novos, com muita responsabilidade e amor. É ele quem os leva e traz da escola. Muitas vezes de inverno, debaixo de chuva, de chinelo no pé, sem um mísero casaco mas com grande sorriso. Sempre! 
Há gente de metro e meio com muito para nos ensinar. E fazer calar!
E olhava para mim como se fosse eu quem fizesse alguma coisa de jeito!
Tal não é a moenga....

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A minha amiga Susana Batista tem muita razão quando diz que passo para a minha Caetana as minhas ansiedades, o meu derrotismo. Insconscientemente, é certo, mas é possível que assim seja. A minha sorte é que a minha tufão é tão melhor que eu em tudo....Minha benção!
Disse-lhe que ia à SportTV dizer umas larachas. Conhecendo bem a mãe que tem, voltou-me costas, regressando minutos depois. 
«Mamã, levas o meu squishy. Quando te puseres com as tuas coisas a pensar que vai correr mal, que vais dar barraca, que te vais engasgar... apertas o meu squishy. Podias levar o squishy maior mas depois não o podias ter contigo que ia ver-se na televisão. Assim, levas este mais pequenino, que cabe na mão, e podes estar sempre a aperta-lo», recomendou-me.
Boneca 'mai' linda da sua mamã (não o tive na mão mas estava no bolso das calças...)
Ainda que a atitude me tenha deixado enternecida, a única ilação a retirar desta história é que a minha Caetana acha que a mãe é uma descontrolada, descompensada, desiquilibrada, esmangaritada dos nervos...Por Dios!
Onde terá ela ido buscar tais ideias?!
Tal não é a moenga...

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Continuo a dar voltas à minha caixa córnea na tentativa de inventar novo projeto profissional, na tentativa de desvendar que caminho seguir, em como utilizar a escrita para , além de diversão, fazer dela o meu ganha pão (estou a pedir muito, né?). Embrenhada nestes meus pensamentos, socorri-me da minha melhor amiga - a Caetana! «Filha - se a mãe escrevesse livros infantis, que história gostarias que fosse?»
«A história de uma princesa!»
«Raios partam as princesas! O que há mais são livros de princesas. Pensa lá em qualquer coisa diferente, mais original.»
«Então as aventuras de uma menina!», sugeriu-me a minha filhota, de oito anos, metendo, de seguida, as mãos na anca e dirigindo-se a mim como se me quisesse engolir: «Mas olha lá, essa menina não era eu! Não vás arranjar outra maneira para contares a nossa vida!»
Vejam bem, a raspelha - a miss varina que é conhecida como o jornal da escola. A menina que foi comigo à depilação e logo contou ao vizinho no Pingo Doce que «a mãe tinha tirado pêlos das partes privadas!» Eu mereço...
Tal não é a moenga....

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