Ok, boa notícia: encontrei a nova atividade que quero exercer. A má notícia é que não tenho como a por em prática. Resumindo e baralhando, continuo numa valente e indefinida moenga. O que eu gostava mesmo era de ser... palestrante! Eu cá gosto é de falar! Contar piadas secas, ter um microfone na mão e deixar que o meu cérebro (e parvoeira) faça o resto. Sou capaz de falar horas seguidas sobre uma cadeira, sobre o homem desconhecido da esquina, sobre a nuvem em forma de coração que os outros acham ser quadrada. Posto isto, tenho a certeza, o que o que eu realmente queria era ser palestrante! E logo se me levanta o problema: dar palestras sobre o quê? Quem quereria ouvir-me falar e de quê? Nem as palestras que dou à minha Caetana surtem efeito. Até o gordo do gato do vizinho se vai logo embora quando começo a bichanar com ele em voz alta! Não sou entendida em qualquer matéria social, muito menos científica ou tecnológica. Vou palestrar para quem? Se há coisa em que tenho experiência é ouvir malta a dizer-me: e porque não te calas? Acham que isto pode dar alguma carreira? Bah... Tal não é a moenga...
Ora, continuo na senda de encontrar novo rumo profissional depois de, há quase um ano, ter chorado todos os líquidos do meu volumoso corpinho por ter saído do jornal A BOLA para dedicar-me ao tesouro da minha vida: a Caetana! Mas, como ainda estou à espera de ter rendimentos para viver deles, tenho de andar às cabeçadas até encontrar qualquer coisa em que seja boa (estou tão l.....dida). Tenho-me, então, inscrito em cursos de redes sociais, cursos de escrita criativa e outras coisas que tais. Num destes dias, diriji-me para nova formação e voltou a deparar-se-me problema do qual não tinha quaisquer saudades: estacionar o carro em Lisboa (que ficou longe para caraças!) Encontrei um sítio com parquímetro verde e logo surgiu detrás das árvores um simpático arrumador estrangeiro que me endrominou valentemente. Não quis eu pagar 12 euros por dia para deixar o bólide (sempre o filha da mãe do carro) no parque do hotel para depois, esperta, esturrar o mesmo valor, depois do indivíduo me ter convencido que tomava conta do respetivo carro e que, durante, todo o dia, colocaria tickets para não ser multada. Isto, mais um euro para o café, mais outro para comer uma sopa.... E eu só pensava: ai que o Zé Luís até me tira o escalpe se o homem faz alguma coisa ao carro. Moral da história, não só me ficou mais caro que o parque do hotel onde estava a ter formação, como fiquei todo o dia com o estômago colado às costas com receio do veículo ser rebocado ou maltratado (para isso já chegam as minhas batidas). Ah: e no meio da lavagem cerebral que o arrumador me fez com uma pinta do caraças, ainda me perguntou se no dia seguinte voltava a precisar estacionar para repetirmos o esquema. Ando eu a estudar marketing - porra, aquele é mestre em vendas e não me parece que algum dia tenha sido estudante. Tal não é a moenga...
'Atão' quem de vocês foi para a paródia no Carnaval? Cá eu, desde que sou dirigente do CDCRMF (Moinhos da Funcheira), tenho a obrigação de não deixar passar a data em branco. E como tenho uma presidenta ainda mais esgroviada que a vice - que sou eu - a coisa dá-se. Lá fizemos um concurso de máscaras na coletividade - aparecem sempre os mesmos - e o que importa é que a minha Caetana estava feliz, feliz! E, só isso, faz tudo valer a pena. Como a mascarei de Miss México, também eu quis ser um mariachi (muito fajuto, diga-se), para lhe fazer companhia. 'Atão' mas deram-me um microfone.... Lá apresentei o desfile, dizendo asneiras (como é meu apanágio), gritando para que ninguém se esquecesse de mim ao adormecer, tal a dor de cabeça! Lá fiz das minhas - como agitar tanto a Taça do vencedor que emborquei as serpentinas todas em cima de uma só pessoa; tanto esbracejei a gritar 'Arriba' que cada vez que abria as asas dava uma galheta num - e desta vez, nem a minha Caetana me mandou calar! É a prova provada que estou a melhorar e que passei ao lado de uma grande carreira de apresentadora - género Júlia Pinheiro ou Cristina Ferreira, no que toca a gargalhar, entenda-se! Já viram o bem que fiz à humanidade, desistindo dessa minha ambição?
Tal não é a moenga...
Não! Esta boca de vermelhos lábios carnudos não é a minha! Infelizmente. Mas nem só as esculpidas por natureza podem desfrutar destes mimos femininos, certo? Pois que pintei os 'beços' de vermelho e lá fui armada em grande senhora. Passei pelo meu cabelereiro e decidi cumprimentar a malta. Conhecem as mulheres, né? Não podem ver nada... «Ai, onde vai ela de lábios pintados? Que bem! Fica-te bem». Obrigadinha, respondi, como manda a educação. Acontece que, sentado na cadeira defronte do espelho, estava um rapaz a fazer a barba. E elas continuavam: «Não lhe fica bem? Como é branquinha essa cor destaca-se, não acha?» Ora, parvoíce - que havia de responder o homem: não, acho que fica mal como o raio? O rapaz lá se riu, concordou com os elogios e ficou ele mais vermelho que os meus lábios quando alinhei na brincadeira e lhe disse, desbocada: «Vá, diga lá que gosta da cor senão vou daqui para a sofá do psiquiatra com o ego todo armafanhado!» Ficou a olhar para mim, com cara de pasmo: ou achou que eu estava a falar a sério, ou então não sabe o que é armafanhado! Tal não é a moenga...
Ai Jesus que agora é que vão ser elas! Acreditam que me passaram para a mão uma máquina fotográfica profissional? Olhem o despautério! Bom que confiem em mim e queiram por-me a trabalhar. E é bom que saiamos da zona de conforto para nos superarmos e aprendermos a desenrascarmo-nos em tudo. Mas caramba - a mim? Para mais com a recomendação: «Guarda-a com a tua vida!» Esta minha mania de não parar sossegada e andar em experimentações ainda vai dar-me muitos dissabores e ...despesas! Por Dios! Vou pensar muito a sério naquele seguro que eu tinha quando era moça pequena e que acautelava que os meus pais não ficassem só com a roupa do corpo com os meus estragos! E façam figas para não me despencar de uma qualquer ribanceira com a máquina na mão! Perdoa-lhes Senhor que não sabem o que fazem!