Já confidenciei que sou péssima dona de casa, que me mutilo nas limpezas e que fico com uma nóia desgraçada quando não tenho outro remédio senão ligar a rádio (sim, que ainda sou das que ouve rádio e relatos) e pegar no aspirador? Acontece que, tal como a minha mãe, faço uma força desgraçada nessas tarefas - dou imensa porrada nos móveis para limpar o pó, deixo cair tudo, transpiro para caraças (o que até nem é mau) e nada parece ficar como eu quero. E passar a ferro? Faço tanta força no desgraçado do utensílio - que não passa melhor por eu lhe der umas castanhas -, que fico com a mão cheia de bolhas e calos, tal a força. Verdade, verdadinha. Outro dia fui ao ginásio. Levantar pesos foi atividade que nunca me puxou, até porque não tenho força de braços. «Elsa, começaste a fazer lifts?» «Eu? Fazer o quê?» «Estás a fazer ferro ou pump?» «Eu? Claro que não. Mas porque é que disses isso (como a música do outro)?» «Porque tens calos nas maõs! É das barras!» «Ah, ah, ah...tenho calos mas não é de treinar ou de andar a sachar na terra - é de passar a ferro!» Ninguém me acreditou. Já tive mais amigos no ginásio. Mas os meus fracos biceps não mentem! (Paulo Cunha nada de risotas com os calos!)
Já vos contei que o ginásio é a minha terapia, certo? Fico piurça se não consigo ir suar as estopinhas. Então agora que o mê João Pinto se lesionou - ninguém merece ficar sem o João Pinto -, tenho de deambular pelos vários ginásios Hut à procura de aulas que me desafiem. O Spinning é uma das minhas eleitas. Bicicletas paradas a simular retas, montanhas e sprints. À hora de almoço os lugares são concorridos. Hoje fiquei 'entalada', salvo seja, entre dois amigos de proeminente composição fisica. Tipo sardinhas em lata lá pedalamos durante uma hora. Mas a vizinhança só me fazia rir: O homem a respirar parecia um camião TIR a parar: bupffffffffffffffff... Alto e bom som. Só aquilo já me fazia rir mas o bafo que mandava ao expirar - só me lembrava da minha amiga Célia Lourenço e da Filipa Reis, duas distintas maganas que não suportam cheiros e hálitos. E quando o da direita bufava, o da esquerda guinchava ... ainhe, ainhe, ainhe! O esforço tem muito que se lhe diga. Cada um esfria conforme lhe apetece mas eu já não conseguia pedalar, nem rir, nem barafustar, nem respirar, diga-se! Terminada a aula diz-me o camião TIR: «Cuidado ao sair, não escorregue que o chão está muito molhado!» «Pudera,» pensei eu! «Mas hoje até foi calminho!», acrescentou o individuo. Olha que grande desplante: nem imagino o que seja uma aula puxada para aquele colchão de pêlo!
Isto de ir ao ginásio tem muito que se lhe diga! Eu, meus amigos, encontrei nele uma terapia. Naquela horinha, rio-me, convivo, estou com amigos, suo as estopinhas e saio de lá renovadinha, qual carro de rali após banho de jato no Elefante Azul. Agora as motivações de cada um... vêem-se miúdas de carnes rijas a fazer olhinhos a instrutores, aparecem rapagões de corpos ondulados de tanto músculo que ali vão uivar ao levantar ferro, surgem meninas que apenas vão passear os modelitos e que depois usam pesos mais leves que cotonetes e vão os cheios de boas intenções que se ficam por isso mesmo: pela intenção. Longe de mim criticar quem quer que seja, que se for para falar de cromos eu sou aquela que sai repetidamente e que já ninguém quer para a troca. Mas convenhamos: estar na sala de musculação de polo da Ralph Lauren (passo a publicidade), bermudas de tecido cheias de bolsos de lado, soquetes e tenizinhos de pouca sola...por Dios! Atão o que lá vai fazer aquele individuo? Pouco se mexe (nem a roupa tal permite), nem transpira (nem tem como), só fica a olhar para quem ali fica defronte a pular como se não houvesse amanhã! Mesmo que não nos queiramos rir, amigo, fica dificil. Mas gabo-lhe a descontração. Retratei bem Nélia?
Sei que começo a ser chata (como se tal fosse possível) com a história da idade mas raios partam os 40! Há anos que o ginásio é a minha terapia e que o body attack é a minha modalidade de eleição. Quando digo que vou para o attack, as reações pendem todas para a maldade....Acontece que os meus tendões de Aquiles estáo a dar de si. Sinto-os a esgaçar a cada pulo e, apesar de ciente que se rasgam fico parada meses a fio, não consigo deixar de armar-me em Jane Fonda anos 80. Daí que tenha arranjado um rolo que me massaja os tendões. Parece que estou a ver a cara do Paulo Cunha - meu colega de A BOLA, amigo fiel que sei que me lê diariamente, rapaz detentor de um humor muito refinado e inteligente. Pois que, Cunha, já não passo sem o rolo. Estou a ouvir-te dizer: ai levas com o rolo, precisas de levar com o rolo e outras coisas que tais que associadas ao attack dava para rirmos até ao fim de semana.
Mas, amigos, o que faz um rolo... não é que aquela moenga alivia imenso as dores e contracturas? Pena ser pesado senão andava sempre com ele debaixo do braço (sem piadas, Cunha). Assumo que gosto do rolo, não passo sem o rolo (e não, não é o da cozinha) e não paro de attackar até encostar à boxe!