Sabem aquelas pessoas que entram nas nossas vidas sem se fazerem anunciar, e, de repente, todo o nosso dia a dia passa por elas? É a minha Suber - a Susana: alcunhei-a de Suber quando parti o braço e a boa da rapariga fez quatro meses de minha motorista (Su - de Susana+Uber=Suber, perceberam?) Pois que, se eu sou uma casa cheia (e modesta também), ela é uma mansão de Manhattan. Quando está nos dias dela...sai debaixo (salvo seja!) Hoje faz anos e só lhe desejo a felicidade que quero para mim. Ou não fosse ela já grande companheira de barracadas. Há uns meses, estava eu de braço ao peito, deu-me boleia para o metro. Chovia a potes e íamos devagarinho quando, atente-se, o carro que seguia à nossa frente despistou-se, foi bater contra outro veículo que estava estacionado e esse carro parado 'atropelou' uma senhora carregada de compras que ia no passeio. A bela da Suber, bombeira para tudo e todos, não faz mais nada: pára o carro a seguir a uma curva - capaz de vir outro atrás e dar-nos uma panada-, corre para ver se a senhora atropelada pelo carro estacionado estava bem. Aquilo deu uma raia desgraçada, até porque a senhora sofria do coração e, por telefone, a sua filha pedia-nos para chamar a ambulância porque a senhora sua mãe não se podia enervar. Entretanto, a Suber pegava-se com o senhor que se despistara, com uma outra individua que vira o sucedido e já dizia que o homem estava bebâdo...Até que chegou uma outra rapariga, conhecida da desgraçada que levou com o carro em cima. «Ainda bem que apareceu, que a senhora está muito nervosa. Ver alguém amigo sempre a acalma», dizia eu, encharcada até aos ossos enquanto a Suber chamava a polícia. Chega então a autoridade. Diz a rapariga chegada por último: «Olha quem vem da polícia: é o meu marido!» «Melhor ainda», respondi eu: «É sempre bom ter alguém conhecido nestas situações.» Dispara a dita moça: «Está em todo o lado este filho da p...$%». Ups - aquilo estava mau para aqueles lados, também! Tudo para vos contar como é a Suber: coração maior que a boca (e se ela é grande...a boca), capaz de dar a roupa do corpo a quem precisar. Ah: e ainda levei uma descompostura por não ter logo saído do carro como ela, debaixo de um dilúvio medonho, e de não ter ação para ser mais interventiva na caricata situação, mesmo maneta. Obrigada por tudo maquetrefe! Parabéns minha Suber!
O Zé Luís faz hoje 47 anos! Verdade seja dita fui um elixir rejuvenescedor na sua vida! Perdeu quilos e quilos (ouvir-me dias inteiros dá abalos), dei-lhe uma filha linda (ainda que a Caetana seja pior que eu trinta mil vezes em termos de aceleração) e, sendo diretor geral do Belenenses, não há qualquer ponta de tédio no seu quotidiano.
Diz o bom do homem que se apaixonou por mim quando carinhosamente (como só eu consigo ser), no mais romântico dos cenários (defronte ao portão velho e sujo do estádio José Gomes onde jogava o Clube Futebol Estrela da Amadora - sua grande paixão) lhe gritei: «és uma besta!»
Pudera! O homem tem a mania que os carros são Fórmulas 1. Entrou por ali fora a rasgar, na altura com um carro branco horrososo, uma banheira (nunca percebi nada de carros também) e quase passava a ferro os jornalistas que ali se concentravam para mais um piquete que haveria de terminar só passadas muitas horas sem informações sobre se havia nova greve ou pagamentos de salários no saudoso Estrelinha.
És uma besta, disse-lhe! E o Zé Luís ficou comigo no goto!
Olha Zé, continuas uma bestinha! (tenho de manter a chama acesa, certo?)
Parabéns meu companheiro! Nunca te fartes de mim!
Decidi dar um novo rumo profissional à minha vida! Agora sou fadista!
Acham??? Por Dios! Tenho respeito à arte de bem cantar e muito amor ao fado para o maltratar dessa forma. Mas a dar pela fotografia, até parece, certo? E atentem no músico ao meu lado: o desgraçado já chorava de me ouvir! É que fui apresentar a Noite de Fados do meu Clube - o Centro Desportivo Cultural e Recreativo dos Moinhos da Funcheira que hoje faz 43 anos.
Sou sincera: gosto! Gosto é de falar! Se tenho jeito ou não, isso são outros quinhentos mas que me divirto, lá isso é inegável. A Noite correu muito bem: casa cheia, boas vozes...só dois pequenos objetos me estragaram a noite: o sapato direito e o sapato esquerdo! Mania de querermos andar todas empiriquitadas como se ficassemos melhor coxas e trôpegas a dar passo. Ainda me desiquilibrei escadas abaixo, agarrou-me uma senhora de idade que ficou a pensar que já me tinha jogado ao tacho da sangria. Mas para o que é normal em mim, até me comportei como uma grande senhora! A minha Gertrudes iria ficar contente comigo. Até passei o vestido a ferro!
Cada vez tenho mais a certeza que apenas nasci - além de ser para fazer a humanidade mais rica e feliz - para ser mãe da Caetana! A minha Piqui - diminutivo de Piquirrita, invenção do meu pai Bicho que tem dom para inventar alcunhas que nada têm a ver com os nomes próprios (eu a e a minha irmã somos escarapintins!) - é já uma senhorita, cheia de vontades, de certezas e manhas.
Ao refletir na velocidade com que o tempo, realmente, passa lembrei-me de outra situação caricata do meu parto (além das outras quatro barracadas que já vos relatei em posts anteriores). Quando ainda esperava que as contrações fossem mais fortes até poder levar epidural - altura em que chamava pelo Zé Luís, diziam-me que ele tinha ido almoçar e eu jurava-lhe pela pele gritando que devia ter ido comer marisco tal o tempo que demorava (afinal o homem estava no corredor e nunca saíra dali) - uma enfermeira, solidária com a minha dor de mãe de primeira leva, aconselhava-me: «Não se encolha quando sentir as contrações. Pelo contrário, estique-se. Vai ver que as suporta melhor.»
Assim fiz. E como sou sempre exagerada, cada vez que vinha uma ferroada esticava braços e pernas, em estrela. Conseguem imaginar-me: deitada de costas com as duas pernas no ar firmes e hirtas, bem como os braços jogados para o céu...tudo à mistura com o ai, ai, ai..
Recordo-me que, com a porta aberta, as pessoas olhavam e paravam para ver a minha triste figura. Ouvia eu: «Epa, já vi malta a gritar, a rastejar, mas isto nunca tinha visto - olha esta toda esparramada!»
Mas valeu a pena. Agora que vejo que a minha Super Piqui Putchi Pupu Bubble Chipi Nana (como lhe chamava eu em bebé) já tem oito aninhos, confesso que tenho pena de não ter mais filhos. Mas com cesariana, faz favor, para ficar com cicatriz bem grande e linda!
Está bem feito, sim senhora! Tanto quis poupar, tanto quis poupar que acabei com os restos dos trocados do mês. Isto ainda a propósito do meu aniversário. Sei lá, sou assim muito querida e recebi várias mensagens de produtos e empresas a oferecerem-me descontos como prenda.
Vou aproveitar, 'atão' não? Começou logo pelo cabeleireiro onde me fiz ruiva: 20 por cento de desconto na transformação de visual (vulgo recauchutagem) mais produtos para a manutenção, mais hidratação profunda, bla, bla, bla...gastei uma pipa de massa.
Nova oferta de uma conhecida marca de roupa gira e portuguesa: 30 por cento de desconto, por altura do aniversário. Vou aproveitar, como não? Fiz-me aos cabines, pespeguei-me nos provadores. Chegada à caixa: «pois, o desconto é só para a nova coleção.» Não ia entregar tudo, né?
Passemos a nova 'prenda' - bora lá comprar mais uma máscara de pestanas ou renovar o kit de maquilhagem....«pois, mas o desconto é depois de perfazer os 30 euros». Logo vi.
Obrigadinha, pois, pelo disparrame de dinheiro que gastei com tanta oferta e saldo.
Mais valia era ter aproveitado a sugestão do meu amigo Dário: «Se surgir a ideia de escreveres sobre suplementos alimentares...mais propriamente colagénio, depurativo ou corta apetite com controlo de ansiedade....posso fornecer-te os mesmos para testares e comprovares a qualidade». Ó Dário, estás de facto a oferecer-me qualquer coisinha ou estás a dizer-me de forma subtil e elegante que já vou precisando de tratamento muito mais profundo? Seja como for, digo-te já, que não aceito descontos!