É verdade que o sino às 9 da manhã de um domingo e o cabrão do galo que não se cansa de se esgoelar seja a que horas for, mexem-me um bocadinho com os nervos. Mas na minha nova residência situação há que me agrada sobremaneira. Muitas e muitas vezes faz-me companhia o som de crianças a brincar na rua. Pensei que tal já não fosse possível nos dias de hoje. Mas elas lá estão, a andar de bicicleta, a jogarem basquetebol, à apanhada...Saudosa apanhada, jogo em que eu era uma nulidade já que o meu corpinho redondo não era muito dado à corrida em velocidade. A minha irmã chamava-me boneco Michelin...
Mas passava dias a brincar ao Lá vai Alho, ao futebol humano, ao mata...E aquela tanga em que tínhamos de saltar por cima uns dos outros? E eu partia os pulsos quando aterrava desmandada na calçada...E quando chegava a altura das fogueiras? Queimavamos eucalipto e saltavamos por cima do fogo - chamuscava-me toda e aguentava-me à bomboca para não levar um tabefe ainda por cima! E a Gertrudes berrava da janela: «Noca, anda jantar!»
Era a minha parte preferida...
Tal não é a moenga...