Era uma gaiata! Andava a brincar com a minha irmã Isabelinha no terraço do prédio, enquanto a minha mãe estendia roupa. Como ficar sossegadinha foi condição que nunca me assistiu, lembramo-nos de jogar ao apanha. Acontece que o espaço não era muito grande e a correria, estava-se mesmo a ver, não ia acabar bem. Até que se me deparou um dilema: ou perdia para a minha irmã e ela apanhava-me ou ia em frente e espetava-me na quina da parede. Lógico que decidi estampar-me! A porrada foi tão grande ou tão pequena que logo comecei a espirrar sangue da testa. Lembro-me de ir ao colo da minha mãe até ao hospital, a pé, que até morava pertinho. A Gertrudes tinha uma blusa rosa e quando me entregou aos médicos estava encarnada de ensopada. Recordo-me de ser cosida a sangue frio. Tenho a nitída ideia de me colocarem um plástico verde a tapar-me a cara mas ainda vi a agulha e a linha. Quem também viu foi o belo do pai Bicho que até queria ser apoio mas não teve grande estômago. Lembro-me de ouvir dizer-lhe: sente-se homem que você ainda desmaia. Não pode ver agulhas! Ainda hoje. O Bicho fica verde! E sabem que mais? Adoro cicatrizes! Bem podia ter entrado pela parede dentro para ficar com marca mais saliente...