Eu até gosto de bichinhos! E trato-os bem, ainda que nunca tenha tido animais de estimação: não contam os 300 piriquitos que a Gertrudes se lembrou de manter numa casa minúscula, nem o Otti - Pavarotti de seu nome -, canário com asma que obrigava o meu pai Bicho a dar-lhe remédio ao bico! Só aqueles dois.
Estava eu a estender roupa na minha nova residência quando oiço miar. Faltava-me cá este, agora! Um gato gordalhão de intimidantes olhos amarelos. Os gatos sempre me fizeram espécie. Olham para nós como se nos sugassem a alma. E este, então, deixou-me desalmada. Vinha para dentro e ele miava. Quando o espreitava mirava-me como se fosse saltar-me para cima do segundo para o terceiro andar. Lembrei-me logo do Guerra! O Guerra foi meu chefe durante anos no jornal A BOLA. Um personagem. Tínhamos relação de amor/ódio. Muitas vezes me fez chorar, muitas vezes me fez rir. Uma vez contou-nos que também apareceu um gato em sua casa. E o bicho foi ficando. Não tinha nome e ele começou a chamar-lhe de gato Estúpido. E assim a bola de pêlo começou a 'responder'. E ficou o Estúpido. O vizinho que me perdoe mas fiz mesmo. Gato estúpido. Mas este é seletivo. Nem Estúpido, nem Estropício, nem Garfield, nem fofura, nem belezura, nem bacalhauzinho à brás. Nada! Tenho medo dele. Está a chamar-me lá de fora......'creepy'.