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Bichanando

Onde uma sempre jovem quarentona limpa o cotão que tem no cérebro!

Bichanando

Onde uma sempre jovem quarentona limpa o cotão que tem no cérebro!

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Agora é que estou bem arranjada! Já vos contei que a minha Caetana é dona do coração do miúdo mais mal educado da escola, o marau que está sempre de castigo e que todos os dias vai parar ao gabinete da diretora? 'Atão' mas o que o moço está embeiçado pela minha Piqui? Estava eu descansadinha em casa, às onze da noite, já mais para lá do que para cá, quando começo a receber mensagens de voz no Facebook. Nem estava a ver quem era o Zé Pedro!
Mensagem 1 - «Olá - amanhã quero falar contigo!»
Mensagem 2 - «Isto é para a tua filha!»
Mensagem 3 - «A minha namoradinha do meu coração!»
Mensagem 4 - «Ligo a esta hora e tu atendes, ok?»
Certíssimo amigo ! Assim é que é - atitude, determinação! Ir atrás do que se quer!
Está bonito está! E ela tem oito anos. Pior - ela não lhe acha graça alguma, nem quer falar com ele.
E como agora até tenho pouco que fazer ainda ando preocupada em confortar o pequeno coraçãozinho de um menino que é tão mau, tão mau que acaba por ser tão doce!
Vou dizer-lhe que ela está a dormir quando a criança ligar!
É a isto que se chamam mentiras piedosas?
Tal não é a moenga...

 

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Dia do Pai: santo Bicho! Haverá homem melhor à face da terra? 
É que não minto quando digo que o meu pai é uma casa cheia. É daqueles que conta anedotas- umas bem secas por sinal-, e fica ali a rir-se daquilo tempo e tempo.
Chora de rir, limpa lágrimas, repete a anedota para continuar a rir-se, chega a engasgar-se de querer falar e rir ao mesmo tempo. E consegue por-nos a todos a gargalhar até nos doer a barriga. Não da anedota que, às tantas, já ninguém se lembra, mas a rir do riso e da satisfação dele. 

É daqueles que começa a contar as histórias do fim. Género: «Bem vocês já não se lembram! Nem eu, ó 'atão' isto foi há tantos anos. Eram vocês pequenas! Nesse dia até levamos a Tinda. ... » e por aí segue, sem dizer ao que está a referir-se, até que, normalmente sou eu que lhe dou o safanão - 'atão mas estás a falar do quê?'

Bicho liga-me quando está a ouvir cantares alentejanos - normalmente só eu partilho da animação dele com o cante-, conta-me pela enésima vez as aventuras da tropa e chora- basicamente é um boneco chorão -, ansioso por mais um jantar com os camaradas da 24.ª Companhia.

Tem uma paciência de santo para os netos, com quem brinca como se fosse miúdo - tem mais agora do que alguma vez teve para as filhas (toma lá a alfinetada). Mas o ciclo da vida é mesmo assim, certo? (Estou tão profunda!)

O Bicho está cada vez mais mouco - duro de ouvido que vai lá vai - mas ainda que já passado dos 70 anos mantém uma ondinha no cabelo que é o seu maior orgulho. Cabelo pouco branco e a bela da ondinha lá no topo da cabeça que parece trabalhada com o mais perfeito brushing mas que toda a vida lhe foi natural. Por norma Bicho está sempre bem disposto - querem vê-lo passado? Joguem-lhe a mão à ondinha....

Mas hoje quero-te muito feliz, por seres o melhor pai que alguma vez poderia ter tido.
Fui muito abençoada. Eu e a Zabelinha, naturalmente, que não é moça destas exposições.

Noutra publicação logo conto as vezes em que estás a falar com pessoas sem saberes quem elas são, ou quando lhes trocas os nomes, ou quando andas despassarado e até esqueces de aniversários importantes.....Ainda esta manhã: «ciao Nana, beijinhos Tuta, ai espera és Noca...»

Feliz dia do Pai meu Bicho!

 

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Epá, perdoem-me o babanço mas tenho de contar-vos a história de amor da minha Caetana. Bem, neste caso - e graças a Deus ao contrário da mãe- é ela a recetora de intenso amor que não consegue corresponder.
Trata-se do marau da escola - aquele puto desgadelhado que bate em todos, que chama nomes a toda a gente, que está sempre no gabinete da coordenadora, que avia de cebolada quem lhe aparece à frente.
Imaginemos o nome fictício de Zé Pedro. Pois que o belo do Zé Pedro, apesar da sua rebeldia e mau comportamento, tem uma paixão assolapada pela minha Piqui. Até a mim já pediu autorização para a namorar. Ela foge dele como o diabo da cruz.
«Dá-me beijos nas bochechas à força!», queixa-se.
Ontem veio mostrar-me a linda carta de amor escrita pelo Dom Juan de oito anos: «Caetana, descolpa! Amute
Lindo! Fiquei derretida.
«Ó Caetana», disse-lhe eu. «Tão querido. Primeiro, tens de ensina-lo a escrever sem erros. Depois, posso guardar o bilhete? É que eu nunca recebi estas coisas. Talvez por ser o prototipo real do boneco da Michelin quando miúda, ou por ter óculos fundos de garrafa. Ou só por ser parva que nem uma chapa de zinco!»
A minha brutinha de 30 kg rasgou logo a bela da declaração!
Mas continuo na minha- coisa 'mai' linda!
Tal não é a moenga... Como estará o pobre coraçãozinho do galanteador morenaço de menos de um metro mas de gigante atitude e bravura?

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O meu Bicho faz 71 anos! Parabéns pai! Mê amori! O Bicho é o maior.
Está sempre a chorar - de tanto rir! Ele manda os foguetes, apanha as canas...é festa em forma humana! Depois puxa do seu lencinho de pano, que está sempre no bolso direito das calças, e ali fica a rir sozinho, divertido com pouco.
No último fim de semana estive com ele em Beja. Estava feliz, tinha trocado de carro (já não era sem tempo que o último tinha 26 anos e parecia um galinheiro: a porta do pendura não fechava e a bagageira só lá ia com um cordel...)
A alegria do homem com o carro novo chegava a emocionar. Parecia uma criança no dia de Natal. 
«Pai que estás fazendo sempre ao pé do carro?»
«Estou a guarda-lo. Nem quero que lá pousem moscas!»
E ria-se. Como sempre! E ainda hoje continuo a aprender tanto com ele.
Como bons alentejanos, além de saber rirmo-nos de nós próprios, gostamos sobremaneira de comentar a vida dos outros. E já nem sei cuja casaca cortavamos quando o belo do Bicho tem a seguinte tirada: «Está um bocadinho apozinhada!»
«Está o quê?»
«Apozinhada, anafada...gorda! Só não sei se se escreve com 'o' ou 'u'.»
E foi risada geral. Seja como for, mê pai, mê amori, que tenhas um dia apozinhado de felicidade e saúde. Nunca me faltes que não aguento!

Tal não é a moenga

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Parabéns Gertrudes! A minha mamã faz hoje anos! E está mesmo de parabéns.
Não só pelo aniversário mas por ter tido duas filhas excecionais, sobretudo a mais nova. Todos dizemos que a nossa mãe é a melhor. Que como a nossa não há. Mas, acreditem, que não há mesmo como a Gertrudes: Guidinha como era conhecida na escola já que haviam muitas Gertrudes naquela Évora (hilariante!)
Pois a durona da Gertrudes, meiga como uma chapa de zinco, quente como as cataratas do Niágara nos dias de hoje, tem um calcanhar de Aquiles que os netos já descobriram (até porque eu estou sempre a lembra-los). A mulher pela-se ao ver repteis, cobras, rãs e coisas que tais...Sempre ouvi a história que a minha irmã dormiu com uma osga no berço quando bebé... Mas não precisam ser bichinhos de verdade. Qualquer boneco de borracha a imitar coisas viscosas a fazem berrar de pânico. E olhem que é mesmo cómica a gritar: «tirem-me isso daqui». E grita qual tenora cheia de fôlego no início da ópera. É um prato! Hoje não vou passar o dia com ela mas quando for a Beja faço questão de irmos comer perninhas de rã em molho de tomate (que pitéu)! Adoro ouvi-la gritar! É isto compreensível? Ou também sou uma valente réptil ao assumir isto? É tão bom vê-la rir-se, depois, dela própria com a triste figura! Que nos abençoes com os teus berrinhos, fininhos, agudos, oxítonos, que se nos entram nos tímpanos qual choque elétrico durante muitos, bons e longos anos. 
Amo-te Gertrudes!

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