Voltemos ao baú para contar-vos mais uma bela e marcante aparição minha.
Sempre fui moça recatada e tive poucos namorados. Tirando o Tói não mais namorei alentejanos (como é possível?). Então que, já mulherzinha, encantei um moço de Cascais que estudava em Beja. Num belo verão, estava eu acampada em Monte Gordo (claro), o moço quis que fosse à sua casa de férias conhecer os pais dele. Ó porra! Tive de dizer que sim, lógico.
Saí da praia mais cedo, tentei esticar um vestido azul e branco às riscas ao máximo e até lavei os ténis para parecer no mínimo apresentável e não calhandrona como muitas vezes critica a minha mãe.
Acontece que antes de sair do parque de campismo deu-me a fome. Agarrei-me a uma lata de atum e, claro, que, sem querer, derramei o óleo do atum pelas pernas abaixo. Não tinha tempo de trocar os ténis, acho que nem tinha outro calçado, e tentei disfarçar as nódoas ao máximo.
Chegada à casa dos 'sogros', que me receberam simpaticamente, estávamos nós naquela converseta de «ah, é alentejana, de Beja, ele fala muito de si... bla bla bla», diz a senhora: «Tenho de ir despejar o lixo. Cheira tanto a atum!»