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Bichanando

Onde uma sempre jovem quarentona limpa o cotão que tem no cérebro!

Bichanando

Onde uma sempre jovem quarentona limpa o cotão que tem no cérebro!

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Domingo fui ao futebol aplaudir mais uma vitória do meu Belenenses.
Lá peguei na minha mini me que só vai arrastada ou subornada com a promessa de lhe comprar pipocas ou batatas fritas. Acontece que o futebol mexe-me com os nervos e a pastilha elástica ajuda-me a exaurir a tensão. Muito ciente da conservação ambiental, não sou mulher de deitar, depois, as pastilhas e os respetivos papéis para o chão.
A Caetana, sem eu ver, ainda as atira para onde calha mas tem sempre azar de eu estar à coca e depois passa pela vergonha de andar a apanhar pastilhas do chão e ficar com os dedos colados, cheios de nhanha. 
Estava eu a gritar e a chamar nomes a quem me apetecia - o futebol é muito terapêutico - quando me apareceu um conhecido. Sabem aquelas pessoas cujos rostos reconhecemos, 'atão' mas lembrar-me do nome do indivíduo?
«Tudo bem? Como estás, pá? Novidades?», e prosseguia a conversa de circunstância quando saco a mão do bolso para pô-la no ombro do rapaz enquanto lhe dava dois beijinhos. 'Atão' não é que a pastilha que esperava por chegar a um caixote veio atrás, ficando colada no casaco do moço? 
Dá-me a sensação que depois caiu logo, mas não tenho a certeza. 
Sim, não me orgulho do que fiz! E não ia dizer à pessoa: tens uma pastilha toda mastigada por mim colada nas tuas costas, ? 
Mas o meio ambiente agradece! 
Espera, não, que a pastilha acabou por ficar no chão mal enrolada no papel e tudo...
Tal não é a moenga...

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Eu gosto mesmo é do popularucho!
Ontem fui à Taça de Portugal. Ao Amora-Belenenses e diverti-me como há muito não acontecia! Já tinha saudades de um belo estádio velhinho, de aguentar horas a fio a vontade de ir à casa de banho e de voltar a sentir aquele meu magnetismo para me oferecerem coisas... boas. «Ó menina [adoro este trato] quer uma entremeadazinha?» Faz toda a diferença ser entremeada ou entremeadazinha....Logo eu!
Recusei educadamente com uma mentira piedosa. «Deixe estar amigo - acabei de almoçar lá fora!»
«Então vou guardar-lhe aqui este pianozito...» - faz toda a diferença ser pianozito e não piano...
«Deixe estar amigo, obrigadinha!» (devo ter mesmo cara de quem gosta de um belo porco!)
«Ao menos uma bifaninha....»
Irra !
Mas safei-me! E nem me ofereceu o couratozito, graças a Deus!

Começou o jogo que acabou por ir a prolongamento. Foi quentinho, as equipas bateram-se taco a taco e a eliminatória esteve nos pés de ambas. A vizinhança não podia ser melhor. Velhotes daqueles amantes do futebol puro e duro que metiam as suas achegas sem qualquer vernáculo. Mas com expressões tão giras!
Pareciam fraquinhos mas quando abriam as goelas, até o estádio estremecia. E lá soou o clássico: 
«Ó boiiiii....!»
«Aperta com eles!»
«Acerta-lhe na perna!»
«Vai-te embora ó careca!»
«Só te falta o chocalho!»
«Leva a bola para casa!»
Mas conviviam e riam. E recebiam bem os visitantes! Quase estive a aceitar a bifaninha...