É desta que vou aprender a andar de bicicleta como deve ser. Irra, que 'fartação' tenho do carro! Pobrezinho - bom demais é ele com as judiarias que lhe faço. Então mas um ano passou tão rápido para ter de o levar de novo à inspeção? E como raio é que os pneus ficam carecas, carequinhas, de um dia para o outro? E alguém me explica como porra se gastam escovas se mal tem chovido? Não se pode ter uns cêntimos a mais que logo surge o estropício do carro para mos chupar. E ainda parece que me ouve, o meu BMW branco toda escangalhadinho. Como se não me desse dor de cabeças que cheguem, comecei a ouvi-lo arrastar. Pareciam correntes pelo chão... Na estrada faziam-me sinais a apontar para baixo. Querem ver que é o paralamas que preciso trocar e que já apodreceu repentinamente? 'Atão' mas o paralamas náo é atrás? O barulho vem da frente.... Fui ver - era um bocado do resguardo! Caiu! Ups! Agora, sim, estou desresguardada! Novidade....Isto não me tinha acontecido já?
Tal não é a moenga...
P.S - Viva o 25 de Abril. Todos os anos conto a nossa história à minha Caetana. «Lembras-te filha?» «Sim, foi quando afastaram o mau com nome de raspa bolos!» Atroz falta de sensibilidade!
Ora, uma miúda já é estramonta (alentejanês da Gertrudes), com o universo a conspirar contra nós fica ainda mais difícil, caramba! Não poucas vezes tento abrir o carro errado. Até já vos contei que em Beja cheguei a entrar num BMW branco igual ao meu - que estava aberto! E se não fosse o facto de estar tão limpo, acho que tinha andado à porrada com a ignição até o carro pegar. Agora, qual não é o meu espanto quando, cada vez que chego ao carro, tenho outro igual ao lado! Irra! Qual é a probabilidade disto me acontecer todas as semanas? Lógico que fui tentar abrir o que não era meu. Dei-lhe uns puxões na porta até que lá levantei a cabeça e reparei que o gémeo mais sujo e mais batido é que era minha pertença. C'um catano! Se calhar é o universo a dizer-me para trocar de bólide e adquirir um Big Foot. Um carrito mais à minha altura percebem?
Tal não é a moenga....
Há coisas que só me acontecem a mim! De certeza. Pois que fui passar o último fim de semana a Beja, minha santa terrinha que me viu nascer e crescer (sobretudo para os lados). Combinei logo de ir beber café, sexta à noite, com a minha amiga Áurea Dâmaso de quem gosto às carradas. Lá estivemos a por a escrita em dia, despedindo-nos, três horas mais tarde, defronte ao café. Lá me dirigi para o meu carrinho branco, entrei, sentei-me, andei à procura dos óculos na minha mala onde cabe o Fernando Mendes antes de emagrecer mas logo percebi que tinha o banco muito para trás. Raios! E que limpo está o carro. E os estofos não eram cinzentos? Estes são pretos. Só quando olhei para o tablier percebi que, definitivamente, aquele não era o meu bólide. O meu carrinho estava, pois, estacionado ao lado, sendo igualzinho aquele. E eu, despistada, entrei no primeiro sem reparar na barracada. Saltei, então, do carro que não era meu, comecei a gritar pela Áurea que só se ria e ainda estou para perceber se o dono do outro BMW tinha deixado o carro aberto ou se eu, com o meu comando, o tinha aberto também. Ainda fomos ao café perguntar de quem era o carro mas não tivemos sorte alguma. Lá deixei o veículo gémeo aberto, como estava, rindo com a ideia de alguém me ter visto espojada num carro que não era meu. Mas olha, Áurea, no outro dia voltei lá. Estava no mesmo sítio e já fechado. Fiquei com receio que alguém o tivesse roubado durante aquela noite. Devia era ter sido eu - ao menos trazia um igual com muito menos batidas.
Tal não é a moenga....
É verdade que sou alvoreada nas horas, que tenho pouco jeitinho ao volante (sobretudo quando se trata de estacionamento), que tiro sempre mal as medidas aos pilares ....mas escafiar o carro três vezes numa semana, tinha de ter qualquer outra explicação. Não sou lá de grandes superstições mas há fases negras na vida de uma pessoa...e gatos negros. Se realmente dão azar, está explicada tanta aselhice. Tive de digladiar-me com um felino bem escuro à porta de casa. Não bastava o cabrão do galo que não para calado, o gordo do outro gato do vizinho que me desafia, e mia, quando estendo a roupa, quanto mais um gato preto que adora aninhar-se debaixo do meu carro. Sinto-me desconfortável com gatos. Sugam-nos a alma com o olhar. Fui por trás. Fiz shhhttt. Ele nada. Abri a porta. Apitei. Chamei-lhe nomes. Mexeu-se tão lentamente que parecia gozar comigo. Lá saiu da sua 'cama' quando estava já disposta a arrancar com o bólide.Elegante, devagarinho, deu três passos e ficou a fitar-me como se dissesse: «vais-te embora porque eu deixo e sei que estás com medo de mim!» Arrepiei-me. Não me correu bem o dia. Mas já o lixei. Estudei muito bem os pilares da garagem e o meu BMW está agora sempre escondidinho. Toma e embrulha. Vai gozar com o.... peixinho!