E em copo de plástico! Raio de sensação esta! Senti-me como se estivesse a atropelar a lei, a cometer o mais sério dos delitos, a prevaricar contra a humanidade. Por Dios! Farta de fazer almoço e jantar todos os santos dias (sempre pensei que tudo me acontecesse nesta vida, menos isto...), decidi ir a um restaurante take away buscar grelhados que já ando enjoada de tanta ervilha com ovos, massada de bacalhau e coisas do género.
Primeiro- voltei a pegar no carro. Lord! Senti-me como se estivesse a andar de balão! Que liberdade. Que saudades. Como é que um ato dantes tão trivial agora soube como se estivesse a fazer a atividade mais radical do mundo?
Cheguei ao restaurante - a 2 km de casa, hã?. PESSOAS! Iupiiiiiiiiiiiiii! Devia ter um sorriso tão parvo, tão grande, tão descabido que até me perguntaram se já era habitueé ou conhecida lá do sítio (acharam que eu era valente totó!)
E- loucura das loucuras - enquanto esperava bebi um café !!!!! Louvado seja Deus! Até em copo de plástico me soube ao mais exótico dos licores. Tão estranho. Há um mes e quinze dias que não me encostava a um balcão (maneira de dizer que cumpri com as regras de segurança).
Como é possível que um badamerdas de um vírus consiga mudar toda a sociedade, consiga mudar a vida como antes a conhecíamos e fazer-nos valorizar atos e gestos de que antes até nos esquecíamos de incluir no diário do nosso quotidiano? Isto virou-se tudo ao contrário e eu ainda não tinha aprendido a fazer pinos!!!!
Tal não é a moenga!
Cuidem-se!
É certo e sabido que o c#$#$# do Covid veio dar cabo do realejo, como se diz em bom alentejano. A economia vai ressentir-se; isto já estava mau e vai ficar bem pior. Eu cá continuo, fechada em casa na companhia da minha Caetana que se tem revelado ótima sucessora do ministro Mário Centeno (que até se fala poder sair). Verdade seja dita: a miúda gosta de trabalhar ( a quem terá saído?). Quieta é que não aguenta estar (a quem terá saído?). Tem os chamados bichos escarapinteiros no corpo (faz sentido...) Pois que a moça autoencarregou-se de sempre ser ela a tirar cafés. E se eu bebo cafés! Pensava eu que estar em casa era boa oportunidade para reduzir o consumo mas, afinal, tem sido o contrário : mas, depois, também penso - o comendador Nabeiro, um SENHOR, altruísta como ele só, benemérito em todas as situações, um coração do tamanho de todos os Alentejos do Universo, merece que a sua DELTA seja a marca das marcas para que também ele continue a ajudar quem precisa. Vai daí que bebo cafés e descafeinados como se não houvesse amanhã (pelos vistos já esteve mais longe de acontecer).
O que eu não estava à espera era que a minha 'Salazar' (salvo seja) visse nisto oportunidade de negócio. Larguei-me a rir quando chegou ao pé de mim exigindo que cada café tirado e trazido à mesa valesse um euro para o seu 'minalheiro', como antes dizia. Está bem feito, sim senhora. O governo não nos diz para ver nesta grande adversidade, boas oportunidades? Pior: nem se preocupa quando lhe digo: «filha, sabes que a mãe não está a trabalhar»! E ela com isso. Por Dios! Tal não é a moenga!
Cuidem-se!
Bem, tudo o que é demais não presta - sempre se ouviu dizer, certo? Nem eu para lembrar-me de tal combinação - café a saber a couve-flor? Eu, apreciadora de café aos quilos e de vegetais aos litros, acho isto muito esquisito. Ou bem que é uma coisa, ou bem que é outra, não concordam? Chama-se 'Broccoli latte' e parece que saiu da 'alembradura' dos australianos. Trata-se, mais propriamente, de uma invenção da Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Commonwealth da Austrália e da Hort Innovation, conforme pode ler-se na revista Women's Health. Café é bom e faz bem, vegetais- idem idem, aspas, aspas-, mas não estou com apetites de experimentar a mistura. E, afinal- vai a ler-se-, chama-se Broccoli latte e sabe a couve-flor? Algo aqui não bate a bota com a perdigota. Pensem ainda comigo- se os vegetais trabalham bem no intestino, se é que percebem o que quero dizer- será que este pó dos crucíferos juntos aos graõs do café não resultarão numa baita dor de barriga - se é que me faço entender? Tal não é a moenga...
Ir a Beja é sempre aquecer o coração . Verdade que já quase ninguém me conhece, nem eu conheço muita gente, verdade se diga! Mas sempre rio com o trato tão particular. «Um café, por favor.» «Quer um cafezinho?», respondem, sempre. «Uma garrafa de água...» «É mais uma aguinha!» «Arranja-me umas Trident» - «Quais são as pastilhinhas?» A resposta surge sempre em forma de pergunta, terminando em diminutivo... Respostas foi o que não ouvi do típico alentejanito que lia o jornal atrás da minha mesa. Boina, casaco xadrez, lá se meteu com a minha Caetana, calando-se depois. «Mãe, o senhor está a dormir.» «Não está nada,filha, está a ler o jornal.» «Mas nunca mais passa de página?» Até o ler leva o seu tempo naquela terra - ah, ah, ah! A verdade- veja-se a fotografia - é que fiquei sem saber se, de facto, o bendito velhote adormecera, cambaleando para cima do jornal, ou se a leitura estava tão interessante que não conseguia despegar-se do periódico. Saímos e ele lá ficou. A fazer ou não uma sestinha, louve-se que naquela terra toda a minha gente conserva o hábito de ler o jornalinho. Bem hajam! Tal não é a moenguinha...
Começou logo de manhã quando encontrei a minha amiga Suzana Santos. «Elsa, tens as calças sujas. Volta-te lá. Parece café!» «Bem, estás a querer dizer-me que tenho o rabo sujo com uma mancha castanha? Porra, já sei o que vão pensar...» Mas como já não voltava a casa, não troquei de roupa. Ora bolas: não havia ninguém que não me dissesse: «Elsa, tens as calças sujas!» Catano - comete uma pessoa um deslizezinho, sai uma pessoa à rua ligeiramente calhandrona- o que não é meu hábito-, e toda a santíssima gente repara na mancha. Vejam lá se alguém me diz que a minha pele está reluzente, que os brancos estão tapados, que o meu sorriso está glorioso (se calhar é porque não está!) O que mais me enerva é que toda a gente me olhou para o befe para reparar na porcaria da nódoa. Na minha mocidade ninguém me olhava para o traseiro. Fosse eu rabuda e empinada de bunda ainda era como o outro, agora assim... Já sei, já sei, vou trocar de calças!