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Bichanando

Onde uma sempre jovem quarentona limpa o cotão que tem no cérebro!

Bichanando

Onde uma sempre jovem quarentona limpa o cotão que tem no cérebro!

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Estive prestes a mergulhar lá para dentro! 
Sabem aquela peça de roupa que está já  toda esgaçada e russa mas que vocês adoram e que nem vos passa pela cabeça deitar fora? Eu tinha um casaco creme, a imitar pele - nem curto nem comprido, nem frio, nem quente, cor neutra que ficava bem com tudo. Digo - ficava - porque já estão a perceber o que aconteceu, certo? Saí de casa com sacos nas mãos, mala a tiracolo, jornais debaixo do braço, telemóvel entre os dedos e, em vez de, naturalmente, descarregar tudo antes de levar o lixo ao contentor - não. Aqui a esperta, abriu a porta preta redonda gigantesca e- qual lançadora do dardo-, atirei com o saco de lixo lá para dentro que já me estava a aleijar. Não consegui pensar que tinha o casaco no antebraço, fiel companheiro que voou lá para dentro colado à nhanha dos copos de iogurte que transbordavam do saco de plástico do meu lixo. Ai caraças - fiquei a olhar para o meu casaquinho, sozinho, no topo da lixaria a 'pedir' que o fosse buscar. Ainda pensei em mergulhar para dentro do contentor - 'atão' mas depois quem me tirava de lá? Morria ali sozinha, enterrada em m#%$% e ninguém nunca chegava a saber o que me acontecera. Mais - vinha de lá o carro do lixo, embrulhava-me naquilo tudo e eu morria esmagadinha pelo rolo compressor a feder mal como o raio mas quentinha com o meu casaco preferido. Fiquei triste! Muito triste!

Tal não é a moenga...

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Só mesmo com uma toalha molhada pela tromba. Em mim própria. Porque sou tão monga e alvoreada desta cachimónia? Sabem aqueles dias de intensa rigeza que se fizeram sentir aí há dias? Fui logo buscar a minha ovelha vermelha em forma de casaco. É leve e quentinho, ótimo para andar enfiada nos estádios de futebol que demoram como o caraças para secar: poças e charcos em todo o lado. Até nos bancos. Apareceu o sol com força e eu, jeitosa como tudo, despi-me e atirei com o belo do casaco sem perceber que lhe estava a mergulhar a manga numa poça. Lá veio um amigo alertar-me para o sucedido, lá pus o casaco ao sol...
Vou à minha vidinha. Na rua encontro uma amiga: bla, bla, bla, os putos.... o Belenenses (ora!),: «O que cheira?», perguntou ela.
«É alfazema - agora ponho um óleo no cabelo para afastar os piolhos que anda lá uma praga...»
«Não! Cheira mesmo a mofo! Sabes quando guardamos roupa molhada que fica com aquele cheiro mesmo nauseabundo, de águas paradas, cheiro de raízes...»
«Não faço ideia...não sinto nada. Não imagino do que seja», respondi, cruzando os braços atrás!