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Bichanando

Onde uma sempre jovem quarentona limpa o cotão que tem no cérebro!

Bichanando

Onde uma sempre jovem quarentona limpa o cotão que tem no cérebro!

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Começou a Telescola. Pandemia? Pandemónio!
Eu já só me rio com esta valente tourada e ainda agora começou.
A minha Caetana está a levar aquilo a sério. Levantou-se bem disposta, ansiosa, cheia de genica... Deus a conserve. Depois, com o andamento da aula, começou a ficar impertinente com a tarefa de ter de fazer um horário...Dah, deixa lá isso, miúda. Aliviei-lhe a inerente pressão de uma situação nova, de tempos diferentes, de vivencia esquisita... Mas acho que fui muito branda. Bem, a miúda lá sossegou. Até demais. Até sair da casca.

-«Mamã, trazes-me uma chá?»

-«Aquece só minuto e meio.»

-«Ah- de frutos vermelhos.»

-«Agora não posso sair daqui que estou a estudar.»

-«E prepara já umas bolachinhas que vou ter fome daqui a pouco.»

-«E o almoço? Sabes que tenho de despachar-me que as 14. 30h tenho conferencia com a professora.»

-«Estás a acompanhar mamã?»

Mau...E rabinho lavado com água de malvas? Não queiras baixar a garimpa não!
Estou bem tramada com esta ditadora de cabelo pelas costas, crente de que é valente mulher!

Tal não é a moenga!

Cuidem-se!

 

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E em copo de plástico!
Raio de sensação esta! Senti-me como se estivesse a atropelar a lei, a cometer o mais sério dos delitos, a prevaricar contra a humanidade. Por Dios!
Farta de fazer almoço e jantar todos os santos dias (sempre pensei que tudo me acontecesse nesta vida, menos isto...), decidi ir a um restaurante take away buscar grelhados que já ando enjoada de tanta ervilha com ovos, massada de bacalhau e coisas do género.

Primeiro- voltei a pegar no carro. Lord! Senti-me como se estivesse a andar de balão! Que liberdade. Que saudades. Como é que um ato dantes tão trivial agora soube como se estivesse a fazer a atividade mais radical do mundo?

Cheguei ao restaurante - a 2 km de casa, hã?. PESSOAS! Iupiiiiiiiiiiiiii!
Devia ter um sorriso tão parvo, tão grande, tão descabido que até me perguntaram se já era habitueé ou conhecida lá do sítio (acharam que eu era valente totó!)

E- loucura das loucuras - enquanto esperava bebi um café !!!!! Louvado seja Deus! Até em copo de plástico me soube ao mais exótico dos licores. Tão estranho. Há um mes e quinze dias que não me encostava a um balcão (maneira de dizer que cumpri com as regras de segurança). 

Como é possível que um badamerdas de um vírus consiga mudar toda a sociedade, consiga mudar a vida como antes a conhecíamos e fazer-nos valorizar atos e gestos de que antes até nos esquecíamos de incluir no diário do nosso quotidiano?  Isto virou-se tudo ao contrário e eu ainda não tinha aprendido a fazer pinos!!!!

Tal não é a moenga!

Cuidem-se!

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Juro-vos que não sei como aguenta quem tem três, quatro e cinco filhos... Eu, com uma, já estou precisada de um implante capilar tantos os nervos de andar sempre atrás dela a dizer-lhe o mesmo: «Caetana arruma/ Caetana não deixes as luzes acesas/ Caetana limpa/ Caetana não sejas calhandrona (em bom alentejano!)»
Quando me salta a tampa - e salta disparadíssima muitas vezes - , tiro-lhe o telefone. Acabam-se os whatsapps e  Tik Toks. É o pior que lhe posso fazer.
Vem, depois, a boa da moça, tentar amansar-me.
-Mamã, vou arrumar as gavetas.
- Ora aí está uma boa ideia que cada vez que lá mexes deixas tudo revolvido.
-O que é revolvido?
-Ai....

Dois minutos mais tarde...
-Anda ver como ficou tudo arrumadinho mamã!
-Caetana, então desdobraste as cuecas todas? Isto parece uma loja. Estavam todas dobradinhas... Para que foi isso? Ai se a tua avó Gertrudes visse!!!!!
-Mas ela não vai saber porque tu não lhe vais contar!
-Mas vou escrever no blog!
-Mãe, por favor, não escrevas isto no teu blog . Toda a gente tem direito a sua 'parvoicidade'!
(Ah, ah, ah, ah, ah...)

-Agora é que disseste algo acertado - parvoicidade.
Deverá ser mistura de parvoíce e privacidade. Digo eu. Na cabecinha dela foi só tentativa de articular as palavras mais rápido que o raciocínio. Depois fica toda chateada quando me rio das tiradas dela. Minha Caetana é a maior! E está-se mesmo a ver que respeito a sua 'parvoicidade', né?

Tal não é a moenga!

Cuidem-se!

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Isto vai ser bonito, vai! Deus me dê paciência, porque se me dá força...
Naturalmente brinco, ainda que, de vez em quando, a minha Caetana sinta os meus cinco dedos naquele befe! Mas é uma benção de menina (a ver se ela não me ouve)!
Fechadas em casa há mais de um mês, um pequeno diálogo torna-se já na discussão mais pertinente das nossas vidas. Uma ligeira contrariedade é mais que suficiente para que se abram as comportas.  E solta-se uma choradeira qual Maria Madalena em ponto pequeno.

Chegou, enfim, a hora DA conversa : (não aquela, ainda, de mãe para filha...por Dios)
«Piqui (como lhe chamo): amanhã começa o terceiro período e volta a tua rotina. Tens de te levantar cedo e fazer os trabalhos que a professora mandar. De tarde tens os treinos (sim, faz ginástica on line com as amigas e a professora da acrobática - Deus a conserve que tem uma disposição para entreter as crianças...)»
Resposta:
- Sim, mãe! Sabias que hoje o Toni vai ser preso?
-Quem?
-O Toni da Nazaré.
- Mau...estamos a falar da escola, de como já és uma mulherzinha, que tens de ter responsabilidade..
-É que parece que foi ele que matou o Felix!
- Ai, 'atão' mas afinal estás a prestar-me atenção ou chateamo-nos já antes sequer de começar o terceiro período e a teleescola?
- Está beeemmmmmm.....Mas a Nazaré também caiu numa armadilha e voltou para a prisão!

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9............Zen, Elsa Marina, zen....

Vai ser muito complicado a menos que o Ministério da Educação seja sensível a esta temática e faça testes e a avaliação dos putos sobre a Nazaré (passe a publicidade à SIC). Fica a sugestão!

Tal não é a moenga!

Cuidem-se!

 

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Outra vez? Irra que é demais! Devia aprender com as cenas, ou não? Nada disso - as porvoêras continuam a acontecer-me. Repetidamente. Recorrentemente.Reincidentemente!
Já estava pouco amarelinha aqui enclausurada... Eu que já de mim pareço um espantalho de cera, que ninguém diria que tenho pinga de sangue e que já nem o mais caro ' betume' me decora a tez baça, ainda tive de voltar a trocar creme por autobronzeador. Que porra ainda fará aquilo cá em casa?
Todas as noites é uma guerra com a Caetana que, só depois da promessa de uma pastilhita ou de uma barrita kinder, acede a por-me creme nos pés (nada interesseira ou manhosa). Bem, depois até se entusiasma e besunta-me o pijama todo com creme,  unta os cabelos dela, o sofá....
«Caetana vai lá buscar o creme...»
Cheirava tão bem!
No outro dia de manhã foi o pânico: «Mamã, estou doente, estou toda amarela. Foi alguma coisa que comi? Olha as minhas mãos, aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii as minhas unhas!!!!»
«Ó filha, sossega...» - lá me lembrava da porra do creme.
Mas, de facto, os meus pés pareciam saídos de dentro do barro ... Fomos ver: outra vez o autobronzeador!
A bem dizer, uma pessoa gasta dinheiro em tangas - sério que já alguma vez me passou pela cabeça a ideia de fazer melhor figura com cor de embalsamada do que assumir-me branca como a cal da parede? 
Pois, já sei, comprei aquilo há anos,  por altura de começar a usar saia sem meias, translúcida de ter passado o inverno tapada... Passamos fases tão estúpidas! Por Dios! Aish - aquilo já devia até ter passado de prazo! Capaz de ainda perspegar uma urticária na criança!

Agora tenho de ir esfregar-me com um piaçaba!

Tal não é a moenga!

Cuidem-se!