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Bichanando

Onde uma sempre jovem quarentona limpa o cotão que tem no cérebro!

Bichanando

Onde uma sempre jovem quarentona limpa o cotão que tem no cérebro!

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Todos nós passamos na vida por momentos de profunda tristeza. Acontece quando nos despedimos de alguém que sempre fez parte da nossa vida. É o ciclo da existência, mas custa sempre! Momentos em que dá sempre jeito ter por perto um ...Bicho!
Apesar de ser o maior chorão de todos, quando lhe dá a força, mesmo de forma inconsciente, é impossível não rir perto dele.
Estavamos juntos, em pesar, quando nos lembramos de mais uma saída do pai.
E ainda nos rimos ao lembrar o dia em que veio a Lisboa e conversavamos defronte do prédio da minha tia Dulce que vive nas ruas acima do Jardim Zoologico.
Dizia, então, o Bicho nessa altura: «Vá lá, apanhamos bom tempo, há muito que aqui não vinha, bla, bla, bla e até apanhamos aqui uma procissão!»
«Uma procissão pai?»
«Sim, atão não a vês?»
«Não - onde está a procissão?»
«Atão não vês ali ao fundo os altares?»
«Pai: aquilo é o teleférico do Zoo!» 
Ah, ah, ah, ah
Sério - só aquele homem! E ainda me rio só de lembrar-me da cara dele quando se apercebeu da calinada que tinha dito. 
Tal não é a moenga...

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Já não será novidade falar-vos da minha hipermetropia e do meu astigmatismo, verdade? Nem do quanto sou toupeira, nem de como a minha vida mudou depois que consegui usar lentes de contacto, certo? É o céu! Mas, por vezes, há pequenos imponderáveis!
Fui para o ginásio, esfalfei-me como sempre, fui tomar banho e quando limpava o cabelo, devo ter dado a mim própria um 'sarrafianço' tão grande que até me saltou a lente do olho direito. Ou saltou ou está ainda cá metida dentro do pálpebra - estou à espera de acordar com o olho inchado, com um derrame ou qualque coisa do género. 
Lá segui a minha vidinha, com uma lente sim e outra não. Já experimentaram ver nestas condições? É um atrofio... E conduzir? A verdade é que até tirei bem as medidas aos pilares daquele parque onde, sem qualquer condicionalismo, escavaco o carrito.
Vim devagarinho, a olhar para 7 e a ver 14 - como se diz no meu Alentejo - e depois, para mal dos meus pecados, tive de ir ao banco. Assinaturas, NIF - aqueles números pequeninos - e eu a puxar os papeis todos para o lado esquerdo - para o olho que tinha lente. Se a minha letra já é feia, tenho a certeza que a senhora do banco desconfiou que estivesse a fazer qualquer falcatrua. Até me perguntou se me sentia bem...
«Ligeiramente tonta», respondi, com dores de cabeça do esforço de focar a vista - uma só vista! 
Bem, foi só mais um pequeno momento de tensão na minha existência. Só espero mesmo que a lente não me tenha entrado pelo organismo acima. Vai ser bonito vai!
Tal não é a moenga....

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Continuo a dar voltas à minha caixa córnea na tentativa de inventar novo projeto profissional, na tentativa de desvendar que caminho seguir, em como utilizar a escrita para , além de diversão, fazer dela o meu ganha pão (estou a pedir muito, né?). Embrenhada nestes meus pensamentos, socorri-me da minha melhor amiga - a Caetana! «Filha - se a mãe escrevesse livros infantis, que história gostarias que fosse?»
«A história de uma princesa!»
«Raios partam as princesas! O que há mais são livros de princesas. Pensa lá em qualquer coisa diferente, mais original.»
«Então as aventuras de uma menina!», sugeriu-me a minha filhota, de oito anos, metendo, de seguida, as mãos na anca e dirigindo-se a mim como se me quisesse engolir: «Mas olha lá, essa menina não era eu! Não vás arranjar outra maneira para contares a nossa vida!»
Vejam bem, a raspelha - a miss varina que é conhecida como o jornal da escola. A menina que foi comigo à depilação e logo contou ao vizinho no Pingo Doce que «a mãe tinha tirado pêlos das partes privadas!» Eu mereço...
Tal não é a moenga....

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Vocês desculpem mas isto hoje é para abardinar (acho que esta palavra não existe).
Então que fui comprar cravinho para fazer uma receita caseira repelente de piolhos - as escolas continuam minadas com a praga e já estou por tudo para não ter mais bicheza cá em casa (para Bicho basto eu, certo?)
Álcool etílico, vinagre e cravinhos. Eis a fórmula para evitar que a minha piquirrita traga amiguinhos para casa. Fui comprar os belos dos cravinhos e, confesso, fiquei pasma a olhar para a imagem - é que, bem, digamos.... faz lembrar.... não sabia que o cravinho tinha esta forma...assim, percebem o que estou a querer dizer... olhamos para os cravinhos e rimo-nos porque parecem....parece....pois! Isso!
Enfim...como sempre se ouviu dizer - as iludências aparudem! 
Tal não é a moenga....

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Mais um curso. Aprende borrega! Hora de almoço - sou moça que me despacho rápido. Decidi procurar um café para comprar pastilhas - voltei a precisar mascar para amansar a ansiedade. Qualquer dia vão-se-me os implantes!
Casaco e mala a tiracolo, mochila de computador às costas e um calor do catano - com a graça de Deus! Fui por um caminho, regressei por outro. Mas porra! Eis senão quando se me depara esta maravilhosa escadaria a lembrar-me que naquele dia não poderia ir ao ginásio. 'Atão' não tens a mania que és atleta Elsa Marina? Agora sua as estopinhas....
Para mais as escadas eram de pedrinhas, eu de botas com saltos... Senti-me fraquejar. Acho que devia retomar as aulas de step.
Cheguei de novo ao curso a arfar, toda ruborizada, a fazer barulho a respirar, ofegante... Devem ter pensado boa coisa.

Tal não é a moenga...

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