Ok, boa notícia: encontrei a nova atividade que quero exercer. A má notícia é que não tenho como a por em prática. Resumindo e baralhando, continuo numa valente e indefinida moenga. O que eu gostava mesmo era de ser... palestrante! Eu cá gosto é de falar! Contar piadas secas, ter um microfone na mão e deixar que o meu cérebro (e parvoeira) faça o resto. Sou capaz de falar horas seguidas sobre uma cadeira, sobre o homem desconhecido da esquina, sobre a nuvem em forma de coração que os outros acham ser quadrada. Posto isto, tenho a certeza, o que o que eu realmente queria era ser palestrante! E logo se me levanta o problema: dar palestras sobre o quê? Quem quereria ouvir-me falar e de quê? Nem as palestras que dou à minha Caetana surtem efeito. Até o gordo do gato do vizinho se vai logo embora quando começo a bichanar com ele em voz alta! Não sou entendida em qualquer matéria social, muito menos científica ou tecnológica. Vou palestrar para quem? Se há coisa em que tenho experiência é ouvir malta a dizer-me: e porque não te calas? Acham que isto pode dar alguma carreira? Bah... Tal não é a moenga...
Terça-feira de Carnaval. Chove lá fora. A cama está quente. De repente....Não! Não foi o cabrão do galo nem o raio do sino da Igreja, nem o cuco ou a rola ou lá o que for que tem aquele canto irritante. Gritos! Descomposturas! Esbregues, como diz a minha Gertrudes. Sete e meia da manhã e a minha Caetana decide brincar às escolas e às professoras. Acontece que a moça tem o rastilho curto e cada pergunta falhada dos peluches- ou dos bonecos de pelúcia conforme manda a língua portuguesa-, a minha varina de oito anos descia dos saltos e arrasava com os desgraçados. Se a rapariga me dá em professora, temo pelos pobres que a apanhem! Caetana mas é preciso isso tudo? Que raio de ensino é o teu? Mas a moça vai ser das duras, das intransigentes. Vês isso na tua escola? Não. 'Atão' onde aprendes tu a gritar e a disparatar assim? Ups...não devia ter perguntado isto....
Tal não é a moenga...
Engraçado como - talvez com a idade, não? - começamos a dar valor a tão pequenas coisas que agora nos deliciam sobremaneira. Ia eu a caminho de Beja quando desatei aos berros dentro do carro: «Para, para, para!» Qual a urgência? Uma banquinha à beira da estrada com um rapazito a vender poejos. Sabem o que são poejos, certo? Uma erva/tempero com um travo bem especial, entre o ligeiramente picante e um intenso sabor a... poejos! Não há como descrever. Sei que aquele sabor traz-me boas recordações - sobretudo associo-o a açordas! Ai uma açordinha de poejo - também já lá vão uns anitos desde a última vez que me forrou o estomâgo. Bem, corri desalmada direito aos poejos e até assustei o moço: «Quero poejos!» Um sorriso tão de orelha a orelha que o bom do alentejanito, que já deve estar farto de poejos como de contas para pagar, ficou a olhar para mim, pasmo. Lá me deu o raminho , cravou-me 3 euros (pagava 10) e lá fui toda contente para a Gertrudes: «Faz-me um caldo de poejos!» Amigas - é preciso tão pouco para sermos felizes. Deviam ver a cara dos putos a provar aquilo. E a opinião foi unânime: «Como a carne com batatas fritas!» Esta nova geração tem uma falta de sensibilidade... Tal não é a moenga...
Não, não é aos Emirados Árabes, à Lapónia, ou sequer aos States (já vos disse que ninguém me apanha num avião). Falo mesmo da mega party da Revenge of the 90's. Eita que aquilo deve ser a p...#$%. da loucura. Back Street Boys, Spice Girls, 7UP e o Fido Dido, pulseiras de missangas que se se partiam todas e havia moenga daquela rolando por todo o lado, ténis da Kappa, roupa da Hang Loose, tamagoshis e tantas outras coisas a que, naquele tempo, não ligavamos ou davamos valor. Agora volta tudo a ser moda! Eu que já me sentia cota por ter começado a ouvir a Smooth (rádio), recebi mensagem no Instagram do blog - já conhecem sorrir.bichanando onde diariamente meto foto dos meus implantes dentários mostrando-vos com o meu sorriso, o sorriso que quero proporcionar-vos com a minha escrita? -, mensagem essa a lembrar-me que não posso ir para a quinta das tabuletas sem reviver os anos 90. Não posso mesmo. De certeza que a Gertrudes tem coisas no baú para eu brincar cá em casa, entretanto, enquanto não há festa e bilhetes!
Tal não é a moenga....
Olha, olha mas que bela surpresa! Bem, pensando bem, faz todo o sentido (cá estou eu, como o meu pai, a comentar primeiro antes de revelar ao que me estou a referir). Todos os meses o Sapo manda-me o relatório da atividade do meu Bichanando- página que poderiam partilhar e recomendar mais mas até percebo que tenham algum receio de assumir lerem alguém tão desconjuntado como eu-, e eis que nas últimas estatísticas depara-se-me a revelação: há mais homens a ler este blog que mulheres! Achei estranho mas como digo, pensando bem, está certo, faz sentido! E fico feliz de poder contribuir para os vossos casamentos/relacionamentos saudáveis. É que a homenzarrada lê por aqui o quanto sou destrambelhada e pensa: «porra ainda eu digo mal da minha!». E chegam a casa valorizando quem lhes aquece os pés. Acho que posso continuar a viver com isso! Bem hajam - todos!