Já vos disse que as Minas de São Domingos são um oásis perdido na planície? Ali depois das curvas de Mértola, depara-se-nos a Tapada Grande. Água quente, areia fininha, caracóis...
Estava eu com os pés de molho - sim, que primeiro que mergulhe derreto com o braseiro cá fora-, quando chegam dois casalinhos enamorados. Ao menos pareciam. Um dos casais entra dentro de água e põe-se aos 'meles', o outro estava ainda em conversações. Ele escuro que nem tição, ela branca como lixívia.
Não que seja do meu feitio estar a ouvir as conversas dos outros, mas era inevitável não estar atenta aquele engate alentejano...
«Atão, não veins à água?»
«Está muito fria...»
«Queres que eu te carregui ?»
«Não, não faças isso.»
«Estás com medo que te dê uma amona?»
«Uma quê?»
«Uma amona, não sabes o que isso éi ?»
«Ah, percebi outra coisa...»
«O que é que percebestis ?»
«Uma amora...»
«Eu não sou cá de amoras... sou mais de amoris!»
«....»
«Não queres mesmo que te carregui ?»
«Sério que não...»
«Vais perder a tua oportunidadi...E olha que até nem engraço com branquelas. Só com minis.»
«Também não bebo»
«Porra que não há quem te contenti...»
E não ouvi mais...
Que pena...queria tanto saber se se entenderam...
Tal não é a moenga...