Ora eu, Elsa Marina, de sandalocha dias inteiros num estádio em obras.... Além de ficar com os entremeios dos dedos todos sujos de terra, o piso torna-se perigosérrimo para os meus trambelhos - buracos em todo o lado, bocados de chão com cimento fresco, baias e fitas no ar nas quais engancho o pescoço... Já tive dias mais fáceis! Agora, dramáticos são os tubos que brotam do chão sem aviso, sem placa, sem dístico, sem neón a dizer CAUTION... Escusado será dizer que mandei uma pantufada num desses tubos. De tal maneira que fui à lua e vim mais depressa que o Armstrong! Quer dizer - à lua, não, porra- ao inferno que a dor fininha de uma castanhada com o dedo mínimo naqueles canos de betão dói para ca.....tano! Acho que vou ter de fazer um seguro não vá eu sofrer um acidente daqueles de deixar-me toda engessada. Uma vez, quando miúda, já tive um seguro desses...Mas acho que vou confiar no meu anjão da guarda. É que não há guito, pilim, money para estas frescuras. Tenho mais é que ter juízo e pensar que posso magoar-me à séria, certo? Quem acredita que vou conseguir? (Eu também sei que vou sofrer aqui muito...) Tal não é a moenga...
EU! E é tão fácil. Às vezes gostava mesmo de ser uma daquelas mulheres sem qualquer defeito, cheias de virtudes, prendadas, que fazem tudo bem, ótimas mulheres, profissionais e donas de casa que conseguem desempenhar milhentas funções em simultâneo todas com muito brio e perfeição. Eu assumo que estou a anos luz de tal perfil. E quanto mais tento, mais estrago. Um destes dias fui ver o futebol. Consegui estar perto do relvado e fazer companhia ao speaker que se entretinha a passar música ambiente e a preparar-se para locução debaixo de chuva copiosa. Os fios nadavam pelo chão, havia água nas extensões, tomadas e mesa de mistura. Um perigo, uma boa tanga... O jogo estava quase a começar. Farta de ter a minha mochilinha às costas - sim que só uso pochettes (brinco - ando sempre com malões onde quase caibo eu dentro) - joguei a bela da mochilorra com força para o chão. De repente, o estádio silenciou-se. Nem música, nem som estridente, nem feedback...toda a gente a olhar! Que se passa? O speaker movimentava os botões do som mas o silêncio perdurava. UPS! «Ó Elsa importas-te de tirar a mochila de cima do botão principal?» Aish ! Está certo. Peço imensa desculpa....