Contado ninguém acredita!
Desculpa lá, ó pai, mas não posso esconder do mundo mais este feito!
Pois que a minha Gertrudes e o meu pai Bicho vieram até Lisboa no último sábado para aplaudirem a sua netinha no VI sarau gímnico dos meus Moinhos da Funcheira. Chegaram, todos, contentes, cheios de frutas e feijão verde, mas, como eu até inclusive mudei de casa, lá foi o bom do Zé Luís busca-los à saída da ponte para que não se perdessem.
Tudo espetáculo.
O bom do Bicho ainda apanhou uma estafa a carregar colchões para o pavilhão mas o dia passou-se em beleza. O sarau correu bem e , do centro do pavilhão - sim que eu fui a apresentadora do evento -, via-os de telemóvel em punho a registarem todos os saltinhos da minha Piqui. Já noite alta decidiram fazer-se à estrada e voltar para Beja - alguém acreditava que a Gertrudes dormisse fora de casa e perdesse o castelo de vista? Jamais! Como é evidente...
Era uma e meia da manhã lembrei-me de ligar para saber se estavam quase em casa.
«Epá - sabes lá - estamos em Vila Franca de Xira. Ai Noca [eu], só estradas e caminhos sem ver ninguém. Nem viva alma. Tantas curvas! O teu pai já estava aflito que não tinha gasolina. Agora estamos na bomba. Lá para a hora do pequeno almoço estamos em casa», praguejava a minha mãe, que deve ter picado tanto os miolos do meu pai...
É que o Zé Luís também os foi deixar à saída para o IC17 - era só entrar no túnel do Grilo e ir sempre em frente pela A2. Mas o meu Bichinho, claro, que vai sempre na faixa do meio «porque assim consegue sempre mudar de direção se lhe apetecer», não viu saída de IC nenhuma... Foi sempre direto A8 dentro.
Acho eu que foi isso, que ainda nem percebi por onde andaram.
Eram três da manhã quando ligaram a dizer que, finalmente, estavam em casa.
E a minha mãe...
«Acho que vou tomar o pequeno-almoço...»
Tal não é a moenga...