Devo mesmo ser muito importante! Só posso! 'Atão' não é que tenho um radar só para mim? É a única explicação plausível para tanta carta, aviso, multas e coimas. O aparelho deve acordar cedo à espera de ver-me passar. Nunca recebi tamanha dedicação! São às dezenas - impossível que registe mais alguma matrícula além da minha. Está a passar dos limites! O radar é que passa dos limites não sou eu - cidadã exemplar, cumpridora das normas cívicas, preocupada com o respeito às leis e boas condutas. Só tenho de o caçar porque até agora ainda não descobri onde está o meu radar. Volto ao sítio do pecado e por mais que tente descobri-lo não consigo lembrar-me ou perceber onde se encontra a magana da caixinha que já deve rir-se de mim ao tempo. Haja alguém que ria porque lá em casa [leia-se Zé Luís] o beiço é indisfarçável (ups)! Sorry!
Toma lá e embrulha que é para não seres espertinha! Se há coisa com que os homens se preocupam (então o Zé Luís) é com os carros. Catano: amor e apreço que têm por aquela carcaça de lata que nos faz despender mais dinheiro que com os próprios filhos. Aliás, toda a gente sabe que, caso queiram falar com o Zé Luís ele não vai atender - se mandarem mensagem a dizer que tiveram azar com o carro ele chega primeiro que a CMTV.
Outro dia abri a caixa do correio. Multas! Apanhadíssima. Até pensei que fosse engano, que fosse apenas uma mas que tivessem mandado várias cartas da mesma. Com receio da natural reação do desgraçado que me atura, pedi ao Nuno Almeida, amigo, companheiro do Zé Luís, que lhas entregasse - com ele não iria passar-se e quando me pusesse a vista em cima já estaria mais calmo (a ideia era boa!). Assim fiz. O Nuno riu-se mas acedeu a ajudar-me. Acontece que, claro, Elsa Marina, não satisfeita, tinha de voltar a fazer porcaria. Esqueci-me do telemóvel junto deles. Tive de voltar atrás para o ir buscar (entretanto também perdi o ponto de net). No exato momento em que voltei maluca atrás do Bonifácio (nome que dei ao meu telemóvel) estava o Nuno a dar as multas ao Zé Luís. Apanhadíssima! Vá lá, não espingardou muito (como tinha previsto) mas fez-me aquele olhar de um sobrolho para cima e outro para baixo, abanou a cabeça como quem diz - se fosses moça pequena levavas um tareão - e voltou costas, triste (foi a parte que doeu mais). Já lhe disse - a culpa é dele! Quem o manda não me ter deixado comprar um chasso?