Ora, então, Feliz dia de Reis. Para nós é o fim das festas certo? Materialmente falando...Este ano adorei o meu Natal. Em Beja, na casa da minha irmã, cheios de boa disposição, cante à desgarrada - só eu e o meu pai, note-se! É que, penso já vos ter confidenciado, fico muito baratinha no que respeita a aquecimento vínícola. Qualquer meia garrafinha me despacha. Só gosto de vinho tinto e, se der três goles numa cerveja, fico estúpida, agressiva, irritante, irritada, apetece-me morder, um desatino. Mas o vinho tinto desinibe-me (ainda mais). Então que o meu Toninho este ano tinha lá para mim toda uma Ermelinda. E este foi o resultado (ver o vídeo abaixo). A pedido de várias famílias aqui fica o registo (é bom que a minha Caetana não descubra que isto anda aqui senão fica envergonhada). Dizer-vos ainda que, depois disto, ainda me aventurei a cantar Mariza e Dulce Pontes - foi quando comecei a ver o fundo à Ermelinda. O que vale é que só é Natal daqui a 12 meses! Feliz dia dos Reis!
Ai mê pai - que barrigada de rir no Natal. O Francisco Bicho, já de si e da sua natureza, é um prato! Qualquer história lhe lembra uma anedota, qualquer tema o recorda de uma piada, todos os assuntos o conduzem a uma música. Mas agora, com a idade, está cada vez mais engraçado (leia-se pior). O que nos rimos com a Gertrudes a contar o episódio. Pois que o Bicho tem uma loja de loiças e utilidades em Beja e, há anos, teve a bela ideia de colocar no estabelecimento uma daquelas campainhas de sensores para saber quando alguém entra ou sai. Aquelas campainhas muito irritantes, que fazem grande chinfrineira. Pois que ultimamente o Bicho tem um grande novo amigo - o Facebook-, e decidiu fazer um filme da loja para melhor mostrar os artigos em exposição e venda. Estava ele a olhar o vídeo e a mostra-lo à minha mãe quando começou a descer as escadas do prédio. «Frasquinho, que vais fazer?» «Vou abrir a porta! Estão tocando!» «Estão tocando o quê, homem, não vês que é a campainha da loja que se ouve aí do vídeo?» Já choravamos só de imaginar o Bicho, com o telemóvel na mão, a ver o vídeo, a ouvir a campainha e, mesmo assim, a descer as escadas do prédio que «estavam a bater à porta lá em baixo...» Abençoado seja!
Ora que o Natal, com crianças é sempre uma animação! Ó gritaria, ó excitação, ó dor de cabeça.... Então que a minha Caetana é uma menina superfeliz e não poderia eu ter maior benção. Mas cá está, a genética é lixada e a moça saiu apurada demais. Muito pior que eu, muito pior que a Gertrudes (se é que é possível!) A casa dos meus pais em Beja é mini. Parece de bonecas (e é mesmo, que eu e a minha irmã somos duas bonequinhas - ih, ih, ih). Só não é à prova de Caetana! Imaginam a minha tufão a correr por ali fora como se tivesse muito espaço... Ontem, até fazia vento! Não me perguntem como, que ela nem sequer tocou no móvel da sala que tinha uma jarra de cristal com flores. Ela apenas lhe passou ao lado. Parecia um filme de Hollywood em slow motion... ela a correr, cabelos a esvoaçar e a jarra a tombar, devagarinho, às voltas, cai não cai a balançar no móvel, até estatelar-se, por fim, no chão e partir-se em mil cacos. E lá piscavam os olhinhos dela, com medo de represálias , atónita, sem perceber como tinha escaqueirado os biblots da avó. «Foi sem querer mamã...eu nem lhe toquei!» «Eu sei filha. É o teu magnetismo!» «Meu quê? Mas eu não pedi isso....»
Nunca passei um Natal sem os meus pais e irmã- e que esta minha benção se mantenha por muitos, longos e bons anos. Hoje volto a poder desfrutar deste privilégio e não há um único Natal em que não me lembre da Barbie Cintilante. Já vos disse que brinquei com bonecas até aos 18 anos, certo? E sempre adorei Barbies. Era miúda e o meu maior desejo era ter uma Barbie Cintilante: boneca com vestido esvoaçante cheio de coraçõezinhos que brilhavam no escuro. Naquele ano estava em pulgas. Abrimos as prendas e nada. Percebi que os meus pais não ma podiam dar. Tentei fazer cara alegre com o que me calhara no sapatinho mas acho que não consegui disfarçar. Foi quando a minha mãe me mandou à cozinha. Lá fui, de beiço, e eis senão quando, no escuro, só vejo o cintilar da Barbie, já fora da caixa. Ainda hoje, quando fecho os olhos, sinto aquela felicidade tão genuína. Aquele amor de agradecimento pela enorme surpresa. Aquela euforia de quem só lhe apetece cantar, dançar, gritar.... Custei a adormecer nessa noite, encantada com as luzinhas do vestido da boneca que sentei num cadeirão verde, ao lado da cama. Era menina. Agora -hoje-, só de passar a quadra com eles, cintilo. Eles são a minha Barbie. E de lá para cá, ganhei uns bonecos bem mais brilhantes e barulhentos: o meu João Duarte, o meu Dé Filipe, a minha Caetana... O que mais vos desejo esta noite é que todos vibrem com o cintilar da mais inocente Barbie, com o brilho das mais significativas das festas, com o quentinho, felicidade e sorriso da criança de Natais passados. Acreditem que cintilante é o olhar dos nossos. Um Santo e feliz Natal para todos!
Ora cá vai mais uma tirada da minha Caetana, sempre perspicaz, sempre muito dona da sua razão. Há dias juntamos roupas e alguns alimentos e fomos entregar a uma Instituição (Sol Fraterno) que apoia famílias carenciadas e meninos doentes. Fiz questão que ela viesse comigo e percebesse que, apesar da mãezinha dela por vezes ser exagerada (moderadamente, vá), não a engana quando lhe diz que há muitas crianças que não têm a sorte que ela tem. Caetana ficou a olhar e assistiu a uma pequenina de três anos a ficar bem feliz com dois casacos usados que tinham sido seus. Portou-se bem a minha menina. Acontece que connosco estava um muçulmano e ela ouviu-o dizer que não festeja o Natal. «Porquê mamã?» «Porque é muçulmano.» «E não gosta de prendas?» «Gosta filha, mas isso são questões religiosas.» «E não come chocolates?» «Acho que come filha, mas o Natal não são prendas e chocolates. É sim amor e ajuda aos outros como estamos a fazer.» «Mas continuo sem perceber porque é que ele não festeja o Natal. Eu também sou moça humana e gosto!» Certo!