Sou mesmo ao contrário do resto da malta. Gosto bastante de cantinas e refeitórios. Daquele ritual de cusquice enquanto estamos na fila com o tabuleirinho sobre aquele balcão de ripas, de tirar os talheres e copos e sempre esquecer-me dos guardanapos e ter de voltar atrás, de ouvir as conversas dos outros mas gosto particularmente da comida. Não sei porquê... sempre assim fui. Nunca percebi as criticas e a aversão das pessoas. Pois que fui fazer um curso da Google à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e matei saudades da horinha de almoço no refeitório. Fácil foi constatar que há coisas que nunca mudam. Por exemplo: já repararam que a senhora que serve os pratos fala sempre muito baixinho no meio de um ambiente estridente de berros e barulho de talheres? Até a isso voltei a achar piada...e recordo-me de mais uma das minhas estupidezes. De quando iniciei a minha vida universitária. Fui estudar para a Universidade do Algarve e não conhecia ninguém. Então, para meter conversa com aquela que haveria de ser a minha grande amiga e companheira, pedi-lhe um cigarro. Nunca fumara até esse dia! Mais, durante o liceu espetava secas monumentais à malta sobre os efeitos do tabagismo. Pedi um cigarro... e fumei depois anos a fio. Também deixei de um dia para o outro, passados anos a fio. Querem ver que ainda começo a beber com esta história da Universidade???
Agora que mudei de vida para acompanhar a minha Caetana, decidi não faltar à reunião da Associação de Pais da escola. O refeitório - que também serve de pavilhão de ginástica - estava cheio! (brinco, naturalmente, mas também não posso criticar por ai além já que, como digo, também foi a primeira vez que fui).
Depois da apresentação de relatórios e atividades, seguiu-se o tema delicado: a comida na cantina. Ora aqui está assunto com o qual nunca me preocupei com o meu depósito em forma de criança. A minha Caetana come tudo e gosta de tudo e até a mim me abocanha se eu deixar! É verdade que este ano, a boa da minha tufão já me obrigou a mandar recado para a professora já que não pago lanches (ela leva o dela bem farto) e mesmo assim aparecia-me sempre a comer pão: só come os que sobram, fiquei a saber. Mas até ela começou a queixar-se que a sopa era muito líquida. Meus amigos, se a Caetana se queixa, investigue-se! Mudou a empresa, mudou a cozinheira, escreva-se para a Câmara Municipal, chame-se a saúde pública....falou-se. Acho muito bem. Até porque sinto a minha menina muito mais enfraquecida desde há uns tempos a esta parte. É que a sua primeira amiga quando foi para o jardim de infância da escola foi a Dona Lurdes. «Quem é filha? Uma professora? Uma auxiliar?» «Não mamã, é a cozinheira!» Vejam lá se a moça não é esperta. «Cozinha melhor que tu mamã», dizia-me, então (também não é dificil, frise-se).
Por isso, cara APEE, a minha melhor colaboração será sempre colocar-vos à disposição a minha fala barato, a minha come tudo, a minha maria lambona, a minha critica gourmet, a minha boa boca, a minha desbocada, a minha varre tabuleiros, provavelmente a responsável por muitos meninos não poderem repetir sopa , pão ou fruta.
Fora de brincadeiras, é assunto a não descurar: unam-se à Associação de Pais: apee.moinhos@gmail.com. CMA: educa@cm-amadora.pt Agrupamento: direccao.eb23.jose.cardoso.c.pires@gmail.com