Eu, também, ponho-me a jeito! A verdade é essa! Ora, sai mais uma barracada à pala do ginásio. Acreditam que há três dias que estava para comprar shampoo e esqueci-me sempre? Ontem não pude evitar - ao reparar que tinha voltado a não por o belo lavadoiro de cabelo no trolley, fiz-me de parva e tive de meter conversa com a senhora da cabina de duche ao lado. Situação estranha, confesso: eu nua, a senhora, nua. Simpática, pos-me shampoo na mão mas depois deixou cair a toalha, agachamo-nos as duas para a apanhar em simultâneo - parecia aquele anúncio da Impulse mas versão porno inocente. Lá fui tomar o meu banho quando a senhora, simpática- reforço-, abriu-me a porta do duche para perguntar se também precisava de gel de banho. Que confragedor. Sério. Querem saber que mais? Atendi uns telefonemas, despachei-me com calma e quando saí do ginásio, estava a boa da senhora- que foi tão minha amiga- à porta. Acreditam que não a reconheci...vestida? Estou preocupada.... E o que fiz? Saí dali direta para o Pingo Doce, passo a publicidade, buscar uns frasquinhos de stock.
Sabem quando vamos ao supermercado, trazemos tudo o que precisavamos e mais uma série de tranquitanas que só nos servem para gastar dinheiro e depois chegamos a casa e não temos shampoo para lavar a cabeça à miúda? E o que me enerva ir a grandes superfícies - são quilómetros lá dentro! Para comprar qualquer tanguinha, temos de atravessar os corredores todos, passar pelos dos frigoríficos e apanhar uma rigeza dos diabos... Bem, ia de carro, com tempo e parei numa superficie mais pequenina, só para ir buscar o shampoo da criança. Pacientemente pus-me na fila e ali fiquei a observar o comportamento da rapaziada que de férias parece que emparvece - gritam uns pelos outros, entopem-se de chocolatungas, telefonam uns aos outros a 50 metros de distância... Bem, estava eu entregue a estes pensamentos quando começo a sentir no meu traseiro um pisão do carrinho do trás. Olhei, naturalmente - pensei, um velhote. E aí teria muita paciência conforme me ensina a minha Caetana. Mas não. Homem dos seus 50 anos, se tanto. Boné na cabeça, agarrado ao telemóvel. Com o carrinho cheio, assim que o largava para mexer no telefone, lá vinham as rodinhas para cima de mim. E aquilo dói - experimentem ter sandálias e levarem com o carrinho nos artelhos. Catano! Uma vez, duas, três - nem pedia desculpa, nem agarrava o carrinho, nem mugia nem tugia. Há malta mesmo estrôncia. Paguei o shampoo, olhei para ele com ar de quem diz - só me apetecia mandar-te o shampoo à tromba - e o amigo ainda ficou incrédulo a olhar para mim, como que a pensar: o que que quererá esta tipa! Arre! Tal não é a moenga....
P. S - entretando o shampoo abriu-se no saco. Deus ensina-nos humildade nas mais distintas formas...