Era grande galo ter cirrose sem beber pinga de álcool!
Era grande galo ter icterícia com esta idade!
Confesso que começo a ficar preocupada. Querem ver que ainda para aqui tenho problemas de fígado?
Há uns tempos já que acuso falta de cor. E o que pensava ser maluquice minha, começa já a ser notado por amigos e outras pessoas que dantes de mim se acercavam.
As palmas das minhas mãos parecem de cera. E nem pressionando consigo que o sangue me avermelhe a pele. Ai se a minha Gertrudes me visse! Ela que nunca teve problemas em dizer-me na fuça quando me achava «engelhocada», feia, gorda, magra...'whatever'. Parece que a oiço gritar-me: «há cadáveres com mais cor que tu!». Mas agora que já passaram uns dias e continuamos a olhar, e já a subir, paredes, desconfio que a minha ictericia, ou lá o que é esta moenga, vá agravar-se. Há umas noites, na ronha com a minha Caetana - a nossa nova modalidade preferida (remédio)- diz-me a gaiata: «mamã, tens as solas dos pés tão amarelas!»
Uai - que isto está a espalhar-se galopantemente. É que nem os comprimidinhos de vitamina D, que tomo há meses por o meu corpo sempre ter dificuldade em absorve-la diretamente do sol, me safam desta.
É daqui direta para Londres, para o Madame Tussaud. Ou será que o Governo poderá entender este meu problema como situação de emergência e reservar-me uma qualquer praia algarvia só para mim (uma qualquer que não sou esquisita nem ligo a luxos, só com o básico - massagens, um morenaço de olhos verdes a abanar-me e a servir-me pratos vegetarianos, muita beterraba e quiche de brócolos)?
Tal não é a moenga!
Cuidem-se!