É que nem fechada em casa deixo de passar por situações confrangedoras. Por Dios! Pois que a presente quarentena 'obrigou-me' a ir buscar uma bicicleta estática para ver se transpiro o stress e a ansiedade resultantes deste cabrão deste confinamento. Coloquei a minha nova amiga junto da varanda, bem perto das janelas. Até há bem pouco tempo pedalava ao som das músicas que mais me inspiram a dar ao canelo. Mas agora, o Alexandre Júnior, do Fitness Hut Amadora, começou a dar aulas on line. Ora, é completamente diferente estar em esforço de acordo com as batidas certas e com as músicas selecionadas para diferentes percursos e treinos. A intensidade é muito maior se estiver alguém a dar-me ordens: «sobe, desce, sobe, desce, aguenta, power climb, carrega, aperta, alivia...» (querem ver que tenho perfil de submissa?)
Bem, um destes dias, lá estava eu a pedalar como se não houvesse amanhã, com o som do telemóvel ligado a uma pequena coluna. Acontece que o Alexandre Júnior - quem o conhece percebe o que estou a dizer - tem uma voz característica. Mais: tem um assobio peculiar - sonoro, intenso, divertido, contagiante.
Acontece que, com a janela aberta e a música a bombar, cada vez que ele assobiava um grupo de rapazes da casa em frente olhava para cima, vislumbrando apenas a mim, toda transpirada e esgrouviada ainda que os assobios fossem do Alexandre Júnior!
Logicamente riam, olhavam para a minha janela e cochichavam . De certeza que estariam a pensar: «Olha esta tarada! A pedalar e a galar-nos lá de cima. E nem se esconde, só assobia!»
Devia estar bem corada - do esforço e da barraca! Fechei um pouco a janela e continuei 'a subir a montanha'. Era o que mais faltava - haver alguma coisa que me impedisse de suar o meu mau feitio por estar aqui fechada há semanas! Sim, estou insuportável, birrenta, impertinente, má de aturar, pessimista, fartinha desta m#$##da!!!!!!!!!!!
Por Dios!
Tal não é a moenga! Cuidem-se!
PÁSCOA FELIZ!
Terminei 2018 a chorar. Muitas mudanças, muita incerteza profissional.... Eu, de mim, já sou esmanifância dos nervos (como diz a minha Gertrudes) e isto de ter de arranjar nova profissão e, sobretudo, forma de ganhar guito deixa-me chanfrada. É que, bem vistas as coisas, não tenho arte alguma. Não herdei da Gertrudes o jeito para a costura, não sei fazer iguarias nem bolinhos (sou mais de incendiar cozinhas), sou espaventada nas horas....pelo que continuo a ter pena de mim própria. Com este espírito animador, para onde fui eu ontem à hora de almoço? Logicamente para o ginásio, esfalfar-me em cima de uma bicicleta durante uma hora de spinning. A sala estava cheia e ao meu lado ficou uma jovem, bem menos acelerada que eu. Acontece que é no ginásio que sempre ponho as minhas ideias em ordem. Penso em tudo e mais alguma coisa, surgem-me ideias e soluções.... Ali continuava eu, imbuída nos meus pensamentos, e, enquanto as pernas obedeciam às instruções do Alexandre Júnior, a minha cabeça ecoava: «atão e agora, raios partam esta %$$## toda, como me viro, que será que me espera, bla bla bla »....E não consegui evitar que as lágrimas me caíssem cara abaixo. Ora a jovem ao meu lado estava muito estupefacta a olhar para mim, achando, certamente, que eu chorava do esforço, do aceleramento! A pobre olhava-me com pena até que lá me deu a mão, cochichando: «vá mais devagar, ainda passa mal!» Noutra qualquer altura, aquilo tinha-me dado para rir mas ainda me fez chorar mais. Sem nunca parar de pedalar. Isso é que não! Andei a fugir dela, depois, no balneário, não fosse a miúda chamar o INEM ou trazer-me algum desfribilhador!
Há lá melhor maneira de dar início ao mês do Natal que fazer duas horas de spinning com o mentalmente afetado e recém regressado de lesão João Pinto? Duas horas a pedalar, sem levantar o befe do selim....A partir dos primeiros 45 minutos começam a adormecer as partes dianteiras e traseiras. Hora e meia depois está-se tão dormente que sentes que podias estar ali toda a tarde. Quando paras passadas mais de duas horas, apenas uma palavra te assalta o pensamento: Halibut! Não foi a primeira vez, nem será a última (espero) que vou para ali esfalfar-me como se não houvesse amanhã! E quando estou cansada, dá-me para a parvoeira (ainda mais!) - desculpa aí moço não parar calada mesmo com o Freddy Mercury a bombar. Agora voltou a sensação de dormência! Foi bom reencontrar amizades, como a Sandra Weber grávida de cinco meses de uma Lya. Por acaso tenho várias amigas em estado de graça. Mas não é do selim do spinning! Ainda bem que voltaste João Pinto que há muito tempo não sentia esta sensação de ter sido atropelada, esbofeteada, esmagada, cilindrada.... Boas festas, hã? (Falo mesmo da quadra....)
Já vos contei que o ginásio é a minha terapia, certo? Fico piurça se não consigo ir suar as estopinhas. Então agora que o mê João Pinto se lesionou - ninguém merece ficar sem o João Pinto -, tenho de deambular pelos vários ginásios Hut à procura de aulas que me desafiem. O Spinning é uma das minhas eleitas. Bicicletas paradas a simular retas, montanhas e sprints. À hora de almoço os lugares são concorridos. Hoje fiquei 'entalada', salvo seja, entre dois amigos de proeminente composição fisica. Tipo sardinhas em lata lá pedalamos durante uma hora. Mas a vizinhança só me fazia rir: O homem a respirar parecia um camião TIR a parar: bupffffffffffffffff... Alto e bom som. Só aquilo já me fazia rir mas o bafo que mandava ao expirar - só me lembrava da minha amiga Célia Lourenço e da Filipa Reis, duas distintas maganas que não suportam cheiros e hálitos. E quando o da direita bufava, o da esquerda guinchava ... ainhe, ainhe, ainhe! O esforço tem muito que se lhe diga. Cada um esfria conforme lhe apetece mas eu já não conseguia pedalar, nem rir, nem barafustar, nem respirar, diga-se! Terminada a aula diz-me o camião TIR: «Cuidado ao sair, não escorregue que o chão está muito molhado!» «Pudera,» pensei eu! «Mas hoje até foi calminho!», acrescentou o individuo. Olha que grande desplante: nem imagino o que seja uma aula puxada para aquele colchão de pêlo!
Já encaixo! Sabe Deus com que trabalheira!
Recordam-se de ter-vos contado que finalmente ganhei uns ténis para o spinning mas que aquilo estava marado, precisava de uma chave, não funcionava, bla, bla, bla....Pois que já estão bons! Só tive de por o João Pinto a suar (com todo o respeito, ó Carolina). Ontem já tinha feito spinning, sozinha, e aquela charenga demorou a encaixar nos pedais. Já a aula ia a meio quando aquilo lá encontrou a porca e o parafuso. Hoje de manhã, terça-feira, aula do João Pinto (à qual tento religiosamente não faltar)...barraca, naturalmente. É que é sempre assim. Quanto mais quero comportar-me como deve ser é quando o meu íman para a desgraça mais atua. Lá me montei na bike, veio o bom do Pinto ajudar-me. Eu só me ria e ele, de cócoras, agachado ao pé de mim, calcava-me os pés: de baixo para cima, de cima para baixo, agora faz força, agora carrega e o desgraçado olhava os ângulos dos sapatos para ver se os bons dos ténis lá encaixavam. Não vos digo que ficou a suar? Nunca me tinham apertado assim os pés.... (ih, ih, ih!!)
Demorou mas foi. Já encaixo a cena! Com o tempo vou lá sozinha. Desencaixar já é fácil. É como tudo, com o hábito!
Fui para o balneário armada em ciclista com a minha passada Pro com os benditos ténis. Apanhei um bocadinho de água e parecia a minha Caetana na acrobática a esparregar-me toda. Ainda me aleijei e fui de joelho ao chão, mas ninguém viu!
Troquei de ténis e segui para o body pump, com o João Pinto (só ele para me convencer aquela tortura). Mas levantar discos e barras também não é a minha cena , mas como acumulei uns quilos de amêndoas e frutos secos...Esforcei-me e até aumentei o peso da canga nesta aula. Resultado: alguém me pode ajudar a apanhar a roupa que não consigo esticar os braços nem dou muito bem passo dado o estiramento da escorregadela?