Ouvi uma vez que as mãos denunciam a verdadeira idade da mulher - ora, toca de por creme gorduroso e de colorir as unhacas para as manapulas aparentarem jovialidade. Também alinhei nessa vaidade e agora estou dela refém. 'Atão' mas quando as unhas crescem? Há malta que usa com cada gânfia que não sei como conseguem fazer coisas banais do dia a dia como meter as mãos no bolsos, tirar pestanas dos olhos e outras coisas do género. Coisas como apanhar moedas do chão! Ó dificuldade... Ando sempre com a carteira cheia daquelas moedinhas pretas - diz o Zé Luís que dá sorte tê-las espalhadas pela casa (por essa ordem de ideias mais valia deixar por lá perdidas umas notinhas de 500, não?) Eu, agarro nas moedinhas e paro na bomba de gasolina para comprar os jornais. Mas, numa destas manhãs, eu e as minhas manitas de plata não evitamos que as 'pretinhas' caíssem ao chão. E depois apanha-las com as unhas meio grandes? Não consigo! Não consegui! Ali fiquei na fila, de cócoras, a tentar reaver as miudezas até que me irritei e as pontapeei para baixo do balcão. Figuras! Mas olha, se a fezada do Zé Luís estiver certa....Amanhã vou à bomba ver se o homem já fugiu para as Maldivas!
Tal não é a moenga...
Convenhamos. O que não é de acordo com a nossa natureza, não é de acordo com a nossa natureza. Dei agora para fazer unhas de gel. Afinal, sou uma mãe de família e as mãos dizem muito de uma pessoa, certo? Pois que gostei do sainete da cena, mas o gel, em mim, não agarra. Durava três semanas... O caraças! Passado uma semana caiu-me logo uma unha. Voltei lá. «As suas unhas são muito gordurosas!», justificaram-me. Faltava cá mais essa preocupação com o meu nível de viscosidade, catano. Uma e outra vez. Olhava para as mãos e lá faltava mais outra unha. Fui beber café ao Spaccio Shopping (onde me apresento vezes sem conta). Estava eu ao balcão, quando um rapaz, até de boa aparência, me interpelou: «Olha, desculpa, esta unha é tua? Estava aqui perto do pacote de açúcar...» Fiquei encavacada. Não é que seja grande coisa mas fiquei corada. O moço devia pensar que eram daquelas que se colam, digo. «Ai, é minha é...que figura. Desculpe», lamentei-me. «E o açúcar também é seu...». «Não, não, só quero a unha!» Então não podia ter ficado calada....
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Bem,chega de lamechice que o que aí vem pode afetar os mais sensíveis! Voltemos aos meus tempos de liceu, em Beja. Chegada a altura do baile de finalistas a azáfama era grande e a excitação gigantesca. Claro que, como nunca consegui ficar a leste de um happening, uma bela tarde decidimos pensar na logística do evento. E para o que me ofereci eu? Ajudar três amigos a carregarem uma arca congeladora daquelas gigantescas, rectangulares, de restaurante. Também já vos falei da minha amiga Ana, minha sombra da juventude que agora já nem me fala (ficou importante...)? Pois que, armada em campeã, já com a arca em ombros, faltaram-nos as forças para levantarmos o pesado mamarracho que me caiu em cima de um dedo. Confesso que nem senti nada mas, quando olhei para a mão...era um rio de sangue. Desunhara-me! Ou seja, a arca arrancou-me uma unha que apenas ficou presa por umas pelitas. Chamaram os bombeiros (vejam bem o despautério-a verdade é que os vidros ficaram espirrados de sangue com os solavancos e a cabeça do dedo solta). A minha ex grande amiga ficou encarregue de ir avisar o meu pai, cuja loja - Louça dos Compadres-ficava, e ainda fica, a escassos metros do liceu (já agora cheia de utilidades, taças desportivas, equipamentos para casa e decoração - digam ao Bicho que vão da minha parte). A dita companheira, Ana de seu nome, era só tato:
«Sr. Bicho, a Elsa teve um acidente. Tem de ter calma! Ela foi levada para o hospital na ambulância. Não sei da gravidade mas foi esmagada por uma arca...» O bom do Bicho saiu a correr. Quando chegou ao Hospital já eu vinha a sair, apenas com um penso no dedo: «Tiraram-me vocês da loja para isto????»