Ainda me deu para rir. Mas houve quem não achasse graça.
Estava eu na Loja do Cidadão - sim, porque isto de mudar de casa, cancelar contratos de um lado, abri-los de outro, filas e filas para chegar a nossa vez e estar no lugar errado- dá azo a mamar um frasco de valeriana e nem assim. Então que tenho de alterar a residência do cartão de cidadão, certo? Eis-me no IRN com 20 pessoas à minha frente (como hei-de deixar de mascar pastilhas? Não dá...) Respirei fundo e sentei-me confortavelmente, entregando-me ao meu passatempo favorito: observar as pessoas e tentar imaginar como serão as suas vidas, o que farão, que segredos esconderão....
Havia casais com bebés em carrinhos, senhoras de cadeiras de rodas, miúdos a correr - e gritar, por Dios -, de um lado para o outro até que chega uma mãe, daquelas cheia de filhos pendurados na saia, senhora que se fazia notar pelo seu vozeirão e meiguice: «Pára quieto que levas uma chapada.» «Queres ver que tenho de me ir a ti?» «Paras sossegado ou levas na tromba?»
E assim se passava a tarde com os restantes paizinhos a acariciarem os seus filhotes, como que a dizerem: «anda cá amor que a mãe não te trata assim!»
O relógio parecia não andar e o placard das senhas, esse não mexia há muito tempo!
Um dos filhotes da dita cuja senhora, começou a brincar com uma outra miudinha que decidira limpar o chão com a roupa (como todos gostam!). Vem de lá a mãe gritona e põe tudo em sentido: «Que estás a fazer? Não te disse já para não tocares em ninguém que estás com varicela?»
Não se ouviu um ai! Agora das duas-três: se foi estratégia para passar à frente funcionou que muitas foram as pessoas a sair da sala com miúdos pela mão. Se era verdade, sorte a da criança que não tinha nem uma borbulhinha....