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Bichanando

Onde uma sempre jovem quarentona limpa o cotão que tem no cérebro!

Bichanando

Onde uma sempre jovem quarentona limpa o cotão que tem no cérebro!

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O que vale é que tenho testemunhas, se não vocês pensavam que eu mentia com quantos dentes tenho na boca, ou melhor - visto estar a escrever - com quantos dedos tenho nas mãos!
Pela enésima oitava vez perdi o telemóvel.
Pela enésima oitava vez vieram trazer-mo. Surreal!
Até já me envergonho. Sábado andei cá nas minhas voltas, compras, azáfama, criança- o normal né?- e pus-me a passar a ferro - sim, calha a todos, há sacrificios a que uma pessoa tem de sujeitar-se.
Estava eu a criar calos da força que faço ao pegar no estropício do ferro de engomar quando me apercebo que o telemóvel estava muito calado. Dei uma voltinha pela casa- nada. Pensei: deve estar num bolso da mala.
E dei seguimento à minha saga doméstica (como se tivesse jeitinho!).
Nisto tocam à porta. A boa da Caetana parece que ganha molas ao ouvir a campainha.
«Mãe, é um senhor careca!», gritava, discretíssima como sua mãe, ao olhar para o intercomunicador.
«Sim? Olhe, desculpe vizinha, a sua filha tem algum telemóvel?»
Fez-se-me luz.
«Ai é o meu!»
Desci.
«Olhe, fui deitar o lixo fora e vi o telefone no chão, ao pé do seu carro. Mexi-lhe e vi logo a fotografia da sua filha. Percebi logo que era vosso!»
Nem sei quantas vezes agradeci ao vizinho do rés-do-chão. Ainda dizem que não se deve ter fotos dos filhos nos telemóveis. Vejam como me safou. Mas sei que qualquer dia vou mesmo perder o telefone. E depois aturem-me.
Acho que até abracei o vizinho depois de lhe ter dado uma espécie de Hi five! Figuras!
Vou passar a festejar o dia da vizinhança. Há dias para tudo mesmo - alguém sabe quando é?
Tal não é a moenga...

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Ora que o vizinho de baixo começou a perceber quem lhe saiu na rifa!
A minha Caetana não me largava a paciência pedindo-me para lhe lavar a lancheira depois de a ter sujado com uma pasta de bolachas desfeitas em água e iogurte. A mamã apressou-se a realizar a tarefa não fosse dela esquecer-se e a míuda voltar à escola com aquela argamassa (era bem possível). Mas deixei a lancheira na cozinha, a escorrer....estava a chover, também!
No outro dia de manhã, foi a primeira coisa em que pensei - em secar a lancheira da moça (vejam bem a fixação disparatada). Claro que, assim que me cheguei à janela com as minhas mãozinhas de 'plata', lá se foi a dita cuja terceiro andar abaixo, enleando-se no estendal do vizinho! Isso é que a Caetana gritou. Tinha mesmo de herdar da mãezinha dela o desespero por coisas que não têm problema algum. Disse que lhe comprava outra, que ia bater à porta do vizinho, sei lá o que lhe prometi... Mas o pranto continuava como se lhe estivesse a dizer que a ia obrigar de novo a comer macedónia cozida com pescada!
Mas o belo do vizinho foi um querido e safou-me de mais um trauma na minha tufão. Deixou-me a lancheira presa na porta! Já começou a perceber o que o espera. Espero que faça o mesmo às muitas cuecas que se lhe vão esborrachar nos vidros!

P.S - (adorei as vossas críticas no Facebook do Bichanando... aguardo por novos elogios que me massajem o ego já que não tenho guito para massajar mais nada ok?)

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 Eu até gosto de bichinhos! E trato-os bem, ainda que nunca tenha tido animais de estimação: não contam os 300 piriquitos que a Gertrudes se lembrou de manter numa casa minúscula, nem o Otti - Pavarotti de seu nome -, canário com asma que obrigava o meu pai Bicho a dar-lhe remédio ao bico! Só aqueles dois.
Estava eu a estender roupa na minha nova residência quando oiço miar. Faltava-me cá este, agora! Um gato gordalhão de intimidantes olhos amarelos. Os gatos sempre me fizeram espécie. Olham para nós como se nos sugassem a alma. E este, então, deixou-me desalmada. Vinha para dentro e ele miava. Quando o espreitava mirava-me como se fosse saltar-me para cima do segundo para o terceiro andar. Lembrei-me logo do Guerra! O Guerra foi meu chefe durante anos no jornal A BOLA. Um personagem. Tínhamos relação de amor/ódio. Muitas vezes me fez chorar, muitas vezes me fez rir. Uma vez contou-nos que também apareceu um gato em sua casa. E o bicho foi ficando. Não tinha nome e ele começou a chamar-lhe de gato Estúpido. E assim a bola de pêlo começou a 'responder'. E ficou o Estúpido. O vizinho que me perdoe mas fiz mesmo. Gato estúpido. Mas este é seletivo. Nem Estúpido, nem Estropício, nem Garfield, nem fofura, nem belezura, nem bacalhauzinho à brás. Nada! Tenho medo dele. Está a chamar-me lá de fora......'creepy'.