Que faço eu agora? Como!
Que faço eu daqui a 15 minutos? Como!
Que fazem o frigorífico e a dispensa que sempre esbarram comigo?
Há coisas que não têm remédio. Não vale a pena lutarmos contra guerras perdidas. A comida ganha! É forte, poderosa, saborosa, sempre à mão de semear. Dançam-nos à frente dos olhos coisas para trincar, alimentos encantam-nos qual serpentes eretas dentro de cestos. Por mais que queiramos portar-nos bem e que pensemos que, presentemente, é um filme irmos às compras, a despensa ri-se de nós porque nem damos luta para aquecer. Vá lá que ainda resisto aos processados e doces (como vocês bem sabem). Mas beterrabas são às dúzias. E vocês ainda fazem bolinhos, tartes, quiches e cenas de forno...Ontem sonhei com um banquete: estava em Beja, a minha Gertrudes tinha feito sopa de entulho - chama-lhe assim porque leva todas as verduras e couves que possam imaginar. Nem tinha tomado o pequeno almoço para ter fome para todo o tacho (sempre fui tão brutinha, graças a Deus).
As saudades apertam e dava tudo para entregar-me a todos aqueles talos alentejanos (isto não soa bem, pois não?).
Vou mas é comer mais uma beterrabazinha - aquilo deita líquido vermelho por todo o lado (para filmes de terror era sugestão bem saudável para gravar cenas de morte) e a boa da minha Caetana apanha sempre o mesmo cagaço : «mamã, já cortaste os dedos outra vez?» - algo sempre passível de acontecer comigo na cozinha!
Tal não é a moenga!
Cuidem-se!